500 anos da BasÃlica de São Pedro em Roma D. Teodoro de Faria 12 de Junho de 2006, às 11:10 ... A basÃlica de São Pedro foi edificada sobre o túmulo da necrópole da Via Aurélia, onde a tradição colocava o martÃrio do apóstolo e que as escavações arqueológicas recentes vieram confirmar. Entre as margens do rio Tibre até à colina do Vaticano estendia-se um terreno plano, conhecido por «ager vaticanus», onde se encontravam também os jardins de Agripina e um circo mandado construir por Nero, no centro do qual estava colocado o obelisco que, hoje, se encontra no centro da praça de São Pedro. 1. A 18 de Abril de 1506 iniciaram-se em Roma os trabalhos para a nova BasÃlica sobre o túmulo de São Pedro, o apóstolo escolhido por Jesus Cristo para ser a pedra angular sobre a qual Ele edificaria a sua Igreja. A história da construção da basÃlica quis pôr em evidência o primado de São Pedro e o poder das chaves, segundo a promessa de Jesus ao pescador do mar da Galileia: «Eu dar-te-ei as chaves do reino dos Céus, e o que ligares na terra ficará ligado nos Céus, e o que desligares na terra, ficará desligado nos Céus» (Mt. 16, 19). Com o passar dos anos e o peso da história, ao primado juntou-se o poder temporal e uma sacralização da pessoa e da função do Papa que produziram divisões e sofrimento, de uma forma especial com a excomunhão entre a Igreja de Roma e a do oriente, no século XI, felizmente anulada pelo Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras de Istambul. O grande escritor Lacordaire afirmou que «Roma é um carisma magnÃfico e terrÃvel». É o coração da cristandade, mas foi lugar de luta pelo poder e intrigas das famÃlias nobres, que comprometeram a pureza evangélica, apesar disso o ministério do Papa foi assegurado por Deus para cumprir na história humana a missão de unidade e serviço à universalidade da Igreja. Se as forças do mal e as heresias tentaram destruir a Igreja, as promessas de Jesus tem-se cumprido ao longo dos séculos mais escuros e violentos: «As portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt. 16, 18). 2 – A basÃlica de São Pedro foi edificada sobre o túmulo da necrópole da Via Aurélia, onde a tradição colocava o martÃrio do apóstolo e que as escavações arqueológicas recentes vieram confirmar. Entre as margens do rio Tibre até à colina do Vaticano estendia-se um terreno plano, conhecido por «ager vaticanus», onde se encontravam também os jardins de Agripina e um circo mandado construir por Nero, no centro do qual estava colocado o obelisco que, hoje, se encontra no centro da praça de São Pedro. Junto da estrada, como era costume dos romanos, encontravam-se túmulos e mausoléus, visto a lei das Dez Tábuas proibir os enterros dentro do perÃmetro da cidade. Após o martÃrio do apóstolo Pedro no circo, por volta do ano 64 a 67, os cristãos ergueram uma pequena edÃcula cercada por um muro pintado de vermelho. Começaram a traçar «grafitti» e num destes está escrito «Pedro está aqui». Para a comunidade cristã de Roma, num tempo de perseguição, este lugar tão modesto e rudimentar conservava a memória do sepulcro autêntico do apóstolo São Pedro. O imperador Constantino, ao dar a paz à Igreja, decidiu financiar e promover a construção de uma grande basÃlica destinada a ser um dos lugares mais sagrados da cristandade. Para construir o edifÃcio violou uma das leis mais sagradas do império, a inviolabilidade dos sepulcros, pois teve que cortar a parte superior de alguns deles e destruir outros para construir uma imensa plataforma e sobre ela construir a basÃlica, cujos fundamentos foram lançados no ano 324. A Igreja tinha a forma de uma cruz latina, com uma escadaria que subia até um amplo quadripórtico ao centro do qual se ergueu uma fonte. O edifÃcio era semelhante à basÃlica de São Paulo na Via Ostiense, e estava dividido em cinco grandes naves. Durante mil anos a basÃlica foi enriquecida com obras de arte preciosas, mas durante a estadia dos papas em Avinhão no séc. XIII, sofreu incêndios, incúria e no século XVI era um conjunto desorganizado de edifÃcios com estilos diferentes e perigo de desabamento. 3 – O Papa Júlio II, da famÃlia Della Rovere quis construir uma nova basÃlica com estilo grandioso, para nela colocar também o seu túmulo que confiou ao génio de Miguel Ângelo. O projecto da nova basÃlica foi entregue ao arquitecto Donato Bramante a 18 de Abril de 1506, data em que o Papa colocou a primeira pedra. A planta tinha a forma de uma cruz grega com uma grande cúpula central e quatro cúpulas mais pequenas. Entretanto morre o Papa e pouco depois Bramante, tendo este construÃdo apenas quatro pilares para suster a cúpula. O novo Papa Leão X, filho de Lourenço o MagnÃfico, que criou a Diocese do Funchal em 1514, chamou o pintor Rafael para dirigir os trabalhos. Rafael era um pintor genial mas arquitecto modesto. Deram-lhe como ajudantes Sangalo e Frei Giocondo de Verona. A necessidade de fundos para a construção determinou uma terrÃvel luta na Igreja com a concessão de indulgências que, se assemelhava a uma venda, e provocou a revolta de Lutero. Rafael morreu sem deixar progressos na construção. Entretanto Roma é atacada por revoltosos, «os Lanzichenecchi», que arruinaram as obras da basÃlica em construção. Finalmente a obra foi confiada a Miguel Ângelo que, apesar dos seus 71 anos, estava cheio de vigor e espÃrito criativo e polémico. Com a morte de Miguel Ângelo a cúpula ainda não estava terminada. O arquitecto Maderno alterou o projecto e alongou a nave central, para tornar a basÃlica o maior templo do mundo e construiu a fachada actual. Finalmente Bernini foi chamado a trabalhar em São Pedro em 1623, e a basÃlica foi consagrada em 1626 pelo Papa Urbano VIII. O génio de Bernini criou a «colonnata» da praça de São Pedro e o Baldaquino de bronze dourado sobre o túmulo do apóstolo. Os 500 anos que estamos a celebrar, recordam o passado, mas mostram também como a graça de Deus fala aos homens de todos os tempos com a linguagem da beleza. As multidões afluem e invadem todos os dias a grande basÃlica para admirarem a grandeza e magnificência das suas obras de arte, beijarem o pé da estátua de São Pedro e rezarem o Credo junto ao túmulo do apóstolo. A basÃlica só revela todo o seu esplendor na Santa Liturgia, principalmente a celebrada pelo Santo Padre. Nesta ocasião todo o monumento é um hino de louvor e acção de graças a Deus que escolheu um humilde pescador do lago de Genesaret para ser a pedra sobre a qual edificaria a sua Igreja, e ser o centro da sua unidade e universalidade. Na humilde edÃcula do séc. I os cristãos escreveram «Pedro está aqui». Ele continua vivo e operante nos que Deus escolheu ao longo dos séculos, para a mesma missão. Hoje é o Papa Bento XVI. Santa Sé Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...