«A Alegria do Amor»: Eutanásia e aborto são ameaças para a famÃlia

Exortação pós-sinodal sublinha dignidade da vida humana e elogia quem cuida de pessoas com deficiência
Cidade do Vaticano, 08 abr 2016 (Ecclesia) – A exortação apostólica do Papa Francisco com as conclusões das últimas assembleias do Sínodo dos Bispos, divulgada hoje, alerta para as consequências da eutanásia e do aborto na vida familiar.
“A eutanásia e o suicídio assistido são graves ameaças para as famílias, em todo o mundo. A sua prática é legal em muitos Estados. A Igreja, ao mesmo tempo que se opõe firmemente a tais práticas, sente o dever de ajudar as famílias que cuidam dos seus membros idosos e doentes”, refere o documento intitulado ‘Amoris laetitia’ (A Alegria do Amor).
Em relação ao aborto, Francisco observa que “é tão grande o valor duma vida humana e inalienável o direito à vida do bebé inocente” que de “modo nenhum” se pode afirmar como um direito sobre o próprio corpo “a possibilidade de tomar decisões sobre esta vida”.
“O que nos faz grandes é o amor que compreende, cuida, integra, está atento aos fracos”, defende.
A exortação pós-sinodal recorda que os participantes nas duas últimas assembleias sinodais dedicaram especial atenção “às famílias das pessoas com deficiência, já que tal deficiência, ao irromper na vida, gera um desafio profundo e inesperado e transtorna os equilíbrios, os desejos, as expectativas”.
“Merecem grande admiração as famílias que aceitam, com amor, a prova difícil dum filho deficiente. Dão à Igreja e à sociedade um valioso testemunho de fidelidade ao dom da vida”, sublinha o Papa.
Francisco convida à descoberta de “novos gestos e linguagens” para o acolhimento e cuidado do “mistério da fragilidade”.
“A família que aceita, com os olhos da fé, a presença de pessoas com deficiência poderá reconhecer e garantir a qualidade e o valor de cada vida, com as suas necessidades, os seus direitos e as suas oportunidades”, realça.
Segundo o Papa, a atenção prestada tanto aos migrantes como às pessoas com deficiência é um “sinal do Espírito”.
“Ambas as situações são paradigmáticas: põem especialmente em questão o modo como se vive, hoje, a lógica do acolhimento misericordioso e da integração das pessoas frágeis”, explica.
As preocupações do pontífice argentino estendem-se depois às dificuldades vividas pelas “mães solteiras, as crianças sem pais, as mulheres abandonadas”, os jovens que “lutam contra uma dependência”, as pessoas solteiras, separadas ou viúvas que “sofrem a solidão”, bem como “os idosos e os doentes que não recebem o apoio dos seus filhos”.
A ‘Amoris laetitia’ elogia também a “escolha da adoção” como “caminho para realizar a maternidade e a paternidade de uma forma muito generosa”.
“Desejo encorajar aqueles que não podem ter filhos a alargar e abrir o seu amor conjugal para receber quem está privado de um ambiente familiar adequado”, escreve Francisco.
Os temas da família estiveram no centro de duas assembleias do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2014 e 2015, por decisão do Papa Francisco, antecedidas por inquéritos enviados às dioceses católicas de todo o mundo.
OC
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