«A Alegria do Amor»: Papa condena discriminação e violência sobre as mulheres

Francisco pede fim de «costumes inaceitáveis», como a mutilação genital
Cidade do Vaticano, 08 abr 2016 (Ecclesia) – A nova exortação apostólica do Papa Francisco, que resulta das duas assembleias do Sínodo sobre a Família, condena todas as formas de “discriminação” e violência sobre as mulheres.
“Apesar das melhorias notáveis registadas no reconhecimento dos direitos da mulher e na sua participação no espaço público, ainda há muito que avançar nalguns países”, adverte, no documento ‘Amoris laetitia’ (A Alegria do Amor), divulgado hoje pelo Vaticano.
Francisco evoca as vítimas de violência doméstica e de maus-tratos, apelando à erradicação de “costumes inaceitáveis”.
“Penso na grave mutilação genital da mulher nalgumas culturas, mas também na desigualdade de acesso a postos de trabalho dignos e aos lugares onde as decisões são tomadas”, precisa.
O Papa sustenta que a violência “verbal, física e sexual” contra as mulheres, no seio do casamento, “contradiz a própria natureza da união conjugal”.
“Destaco a violência vergonhosa que, às vezes, se exerce sobre as mulheres, os maus-tratos familiares e várias formas de escravidão”, elenca.
A exortação pós-sinodal fala na “idêntica dignidade entre o homem e a mulher” para defender a necessidade de superar “velhas formas de discriminação”.
O Papa deixa uma palavra de apreço pelo trabalho de reconhecimento da dignidade da mulher e dos seus direitos, desejando que o feminismo não implique a “negação da maternidade”
“O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra”, refere.
Neste sentido, a exortação deixa uma mensagem do Papa para “cada mulher grávida”: “Cuida da tua alegria, que nada te tire a alegria interior da maternidade. Aquela criança merece a tua alegria”.
Francisco assinala, a este respeito, a importância de uma figura paterna “com uma clara e feliz identidade masculina”, algo “tão necessário como os cuidados maternos”.
O Papa reflete na "configuração do próprio modo de ser – feminino ou masculino", frisando que para isso "não confluem apenas factores biológicos ou genéticos".
"O masculino e o feminino não são qualquer coisa de rígido", declara, dando como exemplo a participação dos homens nas tarefas domésticas e no cuidado dos filhos, aglo que não torna o pai "menos masculino".
A reflexão alude depois à situação das mães solteiras, para as quais o Papa pede um “cuidado especial” da Igreja Católica, “evitando impor-lhes um conjunto de normas como se fossem uma rocha, tendo como resultado fazê-las sentir-se julgadas e abandonadas”.
OC
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