Vaticano

A celebração de fé nos Jogos Olímpicos

Agência Ecclesia
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Missas, confissões e mesmo baptismos também fazem parte da rotina na Aldeia Olímpica

O Arcebispo católico de Atenas, D. Nikolaos Foskolos, anunciou uma solene celebração eucarística de boas-vindas aos participantes nos Jogos Olímpicos de Atenas, na catedral católica de São Dionísio, no dia 11 de Agosto, dois dias antes da abertura oficial dos Jogos. D. Foskolos justificou a opção, referindo que “os Jogos Olímpicos são um acontecimento diante do qual a Igreja não pode ficar indiferente”. Os atletas podem declarar, no formulário que lhes é entregue, qual é a sua Religião. A partir daí é organizada toda a assistência religiosa, com cerimónias e espaços próprios de celebração, este ano bastante mais limitados. Sabe-se que haverá nos Jogos perto de 5 mil católicos, 4 mil protestantes, 2 mil Ortodoxos, 2 mil Muçulmanos e centenas de hindus ou budistas, por exemplo. O conjunto das outras religiões chega aos 3mil e trezentos representantes. Ao contrário do que aconteceu em Sidney, contudo, a assistência religiosa durante os Jogos aos milhares de atletas, delegados, jornalistas e público em geral não se vai processar em espaços separados, com todas as religiões a terem de enfrentar a oposição da Igreja Ortodoxa da Grécia. A minoria muçulmana chegou mesmo a pedir aos muçulmanos que “boicotassem os Jogos Olímpicos” por causa da forma como são tratados na Grécia. De facto, em 200 a Aldeia Olímpica contava com excelentes infra-estruturas para o acompanhamento espiritual dos atletas, com um centro operativo aberto desde as 6 da manhã às 11 da noite. Mesmo durante a noite, havia sempre uma pessoa disponível para os atletas. Diga-se que Sydney testemunhou 25 baptismos católicos, a título de curiosidade. Atenas, ou a sua maioria Ortodoxa, nem quer pensar nessa possibilidade. Segundo os responsáveis católicos na Grécia, o aspecto da assistência religiosa foi fortemente penalizado em detrimento de outros sectores e o Comité Organizativo Religioso é composto por uma única pessoa. Na Aldeia Olímpica apenas estão preparados alguns lugares de culto para as maiores religiões e, no caso da confissões cristãs - que não a Igreja Ortodoxa da Grécia -, todos têm de partilhar o mesmo espaço para os serviços religiosos. Apesar de todos os entraves, haverá sacerdotes católicos disponíveis das 8 da manhã às 10 da noite, de 13 a 29 de Agosto e de 17 a 28 de Setembro, para os Jogos Paraolímpicos. João Paulo II disse ontem esperar que os próximos Jogos Olímpicos sejam sinal de paz e entendimento entre os povos. “Desejo de todo o coração que no mundo, hoje tão conturbado e envolto em tantas formas de ódio e violência, o importante acontecimento desportivo dos Jogos constitua uma ocasião de sereno encontro e ajude a promover o entendimento e a paz entre os povos”, declarou o Papa. O líder da Igreja Católica saudou todos os participantes na próxima edição dos Jogos Olímpicos e a própria cidade de Atenas, lembrando a visita ali efectuada por ocasião da peregrinação em que seguiu as pegadas do Apóstolo S. Paulo. A Sociedade Bíblica da Grécia publicou para esta ocasião um pequeno livro, em 11 línguas, intitulado “O Apóstolo Paulo na Grécia”, correspondendo à passagem dos Actos dos Apóstolos 16, 1-20,6. Com esta iniciativa pretendeu-se sublinhar o carácter global dos Jogos e do Cristianismo, na sua relação com a Grécia. A mesma Sociedade Bíblica irá distribuir, gratuitamente, uma edição em inglês do Novo Testamento. Igreja e desporto O Conselho Pontifício dos Leigos tem, desde a semana passada, uma nova secção, “Igreja e Desporto”, considerada pela Santa Sé como uma resposta necessária “a um dos pontos nevrálgicos da cultura contemporânea e uma das fronteiras da nova evangelização”. “O desporto ocupa hoje um papel muito relevantes, seja a nível pessoa, seja a nível global”, refere o comunicado oficial, divulgado esta manhã. O Dicastério apresenta como exemplo os próximos Jogos Olímpicos de Atenas, que milhões de pessoas seguirão em todo o mundo. Esta iniciativa pretende, ainda, fazer face às tendências que “afastaram a prática das diversas disciplinas dos ideais originários do desporto, colocando com urgência a necessidade de recordar, também neste campo, os valores fundamentais”. Na mensagem para o XXV Dia Mundial do Turismo, foi João Paulo II a destacar a capacidade do desporto em ser “uma força vital ao serviço da compreensão recíproca, da cultura e do desenvolvimento dos povos”. Octávio Carmo


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