Vaticano

A Missão no coração da Amazónia: onde os dias são como horas

Octávio Carmo
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Enquanto decorre em Portugal o Capítulo Geral dos Missionários do Espírito Santo, a Agência ECCLESIA apresenta histórias de missão de todo o mundo

A Amazónia representa 60% do território brasileiro e possui cerca de 20% da água potável do planeta. O Evangelho chegou aqui pela boca dos missionários europeus por ocasião da colonização: surgia uma igreja nova, de rosto tipicamente europeu, que assumiu e viveu a grandeza, as mazelas e as tragédias da região. A partir do século XIX, os Espiritanos e inúmeras outras Congregações Religiosas assumiram pedaços determinados da Amazónia, naquele que foi o primeiro passo para o surgimento das Prelazias. A Prelazia de Tefé tem cerca de 264 000 Km2, duas vezes e meia Portugal: são onze paróquias, em que algumas ainda não têm padre residente. O Pe. Teodoro Tavares, nascido na Guiné-Bissau, fala à Agência ECCLESIA da sua experiência neste local, “onde não falamos em horas, mas em dias”. “As viagens são feitas de barco, regra geral, desde a capital Manaus. Podemos andar durante horas e encontrar apenas uma casa ou outra”, explica. Em relação ao seu trabalho, este missionário revela que é preciso fazer um pouco de tudo: “acolhimento pastoral, trabalho paroquial, formação de leigos e de clero autóctone”. A celebração da Eucaristia nesta área acontece uma ou duas vezes por ano em cada comunidade, devido às distâncias – a paróquia mais distante de Manaus fica a 1200 quilómetros. A Igreja na Amazónia tem, por isso, um rosto laical, a maior parte das comunidades são animadas por leigos e leigas: “somos 14 sacerdotes a trabalhar em Tefé e a maior parte das comunidades encontra-se no interior da floresta, onde os padres e religiosos só vão muito de vez em quando, pelo que as lideranças locais são o seu sustentáculo”, refere o Pe. Teodoro. A evangelização utiliza a rádio local, com os programas a serem aproveitados para contactar com os sítios mais afastados, dando conta das datas das visitas dos missionários e outras informações. “A Amazónia, pela sua importância no cenário mundial, continua a ser um dos locais privilegiados em termos de Missão, onde é preciso assumir a luta do seu povo na busca de uma vida melhor e toda a questão ecológica”, assegura o religioso. Os novos caminhos da Missão católica estão em discussão no Capítulo Geral dos Espiritanos, a decorrer desde o dia 20 de Junho até 17 de Julho, no seminário da Torre d´Aguilha.


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