Vaticano

A paz veio para ficar em Angola

Octávio Carmo
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Arcebispo Zacarias Kamwenho, presidente da Conferência Episcopal Angolana

A paz está estabelecida em Angola e veio para ficar, assegura o arcebispo Zacarias Kamwenho, prémio Zakharov do Parlamento Europeu em 2001 e reconhecidamente um dos símbolos da exigência de paz, liberdade e justiça do povo angolano. Após 40 anos de guerra o país está a querer recomeçar, cimentando a paz num ambiente que D. Kamwenho define como “muito bonito”. As declarações do presidente da Comissão Episcopal Angolana foram feitas aos microfones do programa Igreja Lusófona da Fundação Evangelização e Culturas. “A reconstrução tem que começar pelo homem, empenhado e identificado com a sua angolanidade. Se a guerra dos corações não se apagar, não há conciliação possível”, explica. As eleições é que não devem estar para breve, sendo que o prelado define como horizonte “aceitável” o ano de 2005. “Em Angola há pessoas dependentes de ajuda humanitária que recebem através do Governo e com pessoas dependentes não se podem esperar eleições livres”, assegura. Resta esperar que as pessoas possam ser “verdadeiramente livres” e votem em função do projecto que cada candidato apresente para o país, acrescenta D. Kamwenho. Falando do Comité Inter-eclesial para a paz em Angola, o arcebispo de Lubango assume que esta “é uma plataforma que procura novos caminhos para o ecumenismo”. “O nosso papel tem sido importante, mesmo que não passe pela Comunicação Social. Recentemente estivemos em Cabinda para analisar a situação e os políticos vêem que quando há questões de paz as igrejas estão unidas”, diz. Um plano de emergência para a alfabetização e o acesso à educação a toda a população são as prioridades políticas para a actual situação no país, segundo o arcebispo. O processo de entrega de armas e reinserção dos ex-militares, D. Zacarias Kamwenho fala de “colaboração” e acções comuns “significativas” que aproveitam a experiência de quem esteve no terreno. “Eles ainda são olhados como aqueles que mataram, que agrediram. O Governo fez bem em deixar que as pessoas se instalem em lugares diferentes daqueles em que estiveram a servir como soldados para evitar situações destas”, vinca.


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