Vaticano

África: Papa denuncia corrupção, que também chega ao Vaticano

Agência Ecclesia
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(Lusa)
(Lusa)

Francisco encerrou viagem ao Quénia com encontro que reuniu dezenas de milhares de jovens

Nairobi, 27 nov 2015 (Ecclesia) – O Papa disse hoje em Nairobi que a “corrupção” é um dos principais problemas das sociedades e admitiu que estes casos existem também no Vaticano.

“Não é só na política, é em todas as instituições, inclusive no Vaticano há casos de corrupção”, disse, perante dezenas de milhares de jovens reunidos no Estádio Kasarani, Quénia.

A intervenção acontece três dias depois de o Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano ter começado a julgar cinco pessoas acusadas de “divulgação ilícita de notícias e documentos reservados”, incluindo os autores dos livros ‘Via Crucis’ e ‘Avarizia’, publicados na Itália.

As obras em causa apresentam, no essencial, o mesmo material com polémicas ligadas à gestão de propriedades da Santa Sé ou do Óbolo de São Pedro, que recolhe donativos dos católicos de todo o mundo para o Papa, entre outras.

Francisco sustentou que a corrupção é algo que se “mete dentro” das pessoas.

“É como o açúcar: é doce, gostamos, é fácil, e depois acabamos mal. Com tanto açúcar, acabamos diabéticos ou o nosso país acaba diabético”, referiu.

O Papa recordou o caso de um jovem argentino que conheceu e tinha o sonho de seguir a vida política; conseguiu um trabalho num ministério, onde tomou uma decisão orçamental que o seu chefe rejeitou, porque era preciso “escolher quem desse mais para pôr ao bolso”.

“Cada vez que aceitamos um suborno e o metemos ao bolso, destruímos o nosso coração, a nossa personalidade e a nossa pátria. Por favor, não tomem o gosto a esse açúcar que se chama corrupção”, apelou.

A corrupção, acrescentou, rouba a “alegria” e a “paz” e deixa “feridos” os homens e mulheres que assistem a estes exemplos.

"Jovens, a corrupção não é um caminho de vida, é um caminho de morte", sustentou.

Nesta sua primeira viagem ao continente africano, Francisco alertou para os perigos do tribalismo e convidou simbolicamente os participantes neste encontro a dar as mãos, para afirmar que todos são “uma nação”.

Este foi o último evento público da visita ao Quénia, iniciada esta quarta-feira, antes da partida para Entebe, Uganda, segunda etapa da 11ª viagem internacional do pontificado e primeira a África, que se conclui na segunda-feira, na República Centro-Africana.

Francisco será o terceiro Papa a visitar o Uganda, depois de Paulo VI em 1969 e de João Paulo II em 1993.

OC



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