As organizações não-governamentais de direitos humanos que têm acompanhado a situação dos refugiados norte coreanos na China – entre os quais estão muitos cristãos – denunciam um agravamento na repressão por parte das autoridades dos dois países.
A Comissão de Auxílio aos Refugiados Norte Coreanos, uma ONG privada sedeada em Seul, informou que 70 norte coreanos detidos pelas autoridades chinesas foram repatriados para o seu país onde acabariam por ser executados pelo seu próprio Governo.
A República Popular da China é dos poucos países que mantém contactos oficiais e que consegue exercer alguma influência sobre o Governo de Pyongyang. Mas as autoridades chinesas aceitaram tratar os refugiados como imigrantes ilegais e detém quase todos aqueles que arriscam atravessar a fronteira para escapar à fome generalizada e à repressão oficial.
Também a organização britânica Open Doors denunciou recentemente que a situação dos cristãos norte coreanos se tem vindo a agravar e dá voz aos relatos, feitos sob anonimato por razões de segurança, de dois cristãos que foram recentemente repatriados pelas autoridades chinesas.
“Fui preso na China onde me desloquei para me reunir com outros cristãos. Fui colocado num campo de trabalho onde estive 70 dias até ser libertado por outros cristãos, externos ao campo”, revela uma destas testemunhas.
“Interrogavam-me frequentemente, espancavam-me e insultavam-me. Quando me faziam isto, eu rezava a Deus e pedia a Sua ajuda. Nestas alturas, os guardas torturavam-me ainda mais”.
Outro refugiado cristão relatou também a sua detenção nestes campos: “Fui preso duas vezes e também já estive num campo de trabalho (...) Trabalhávamos 18 horas por dia em condições terríveis”.
“Certa vez vi uma senhora cristã ser martirizada terrivelmente. Eles espancaram-na vezes sem conta porque ela continuava a rezar. Morreu pacificamente, orando ao Senhor”.
De acordo com as informações obtidas pela Open Doors, as autoridades chinesas ameaçaram vários líderes religiosos de detenção e encerramento das suas igrejas caso auxiliassem os “desertores” norte coreanos.
Segundo números não oficiais, estima-se que existam cerca de 300 mil refugiados norte coreanos actualmente na China. As informações recolhidas por esta organização dão conta do agravamento da situação na Coreia do Norte para a generalidade da população que tem dificuldades em obter água potável, alimentos, medicamentos e vive sem electricidade.
Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre