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Alemanha: Vaticano destaca «descristianização» do país

Agência Ecclesia
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Missal da viagem de Bento XVI lembra ação da Santa Sé na reunificação alemã, após décadas de separação

Cidade do Vaticano, 21 set 2011 (Ecclesia) – O Vaticano considera que a próxima visita de Bento XVI à Alemanha, entre quinta-feira e sábado, vai enfrentar o “progressivo processo de secularização” num país de “antiga tradição cristã”.

Num texto publicado no missal da viagem, a primeira com estatuto de visita de Estado, o departamento de celebrações litúrgicas do Papa refere que “este movimento de descristianização, que diz respeito a toda a Alemanha, intensificou-se com a reunificação das duas Alemanhas”, em 1990, dado que “a maior parte da população da antiga RDA, que cresceu sob domínio comunista, foi educada e plasmada no espírito do ateísmo”.

 «“O anúncio do Evangelho é, por isso, um dos compromissos mais imperativos e importantes da Igreja Católica Romana neste país”, indica o guia das celebrações de Bento XVI na Alemanha.

O Papa alemão esteve na sua terra natal em 2005 (Jornada Mundial da Juventude, em Colónia) e 2006 (visita à Baviera, região onde nasceu).

Esta terceira viagem conta com passagens por Berlim, Erfurt, Etzelsbach e Friburgo, tendo como lema ‘Onde há Deus, há futuro’ [frase proferida por Bento XVI em 2007 no santuário austríaco de Marienzell], e inclui encontros com a comunidade judaica e muçulmana.

“A visita do Santo Padre quer contribuir para manter viva a pergunta de Deus na sociedade e revalorizar a resposta da fé cristã”, indica o departamento de celebrações litúrgicas do Papa.

A introdução ao missal da viagem refere-se à “preciosa obra” de João Paulo II (1920-2005), predecessor de Bento XVI, na “reviravolta política no Leste da Alemanha e no Leste da Europa”.

Cinco anos depois da sua última passagem por solo germânico, o Papa encontra uma Igreja afetada pelos casos de abusos sexuais envolvendo membros do clero e pela divisão dentro do próprio catolicismo em matérias como o celibato dos padres ou a moral sexual.

Segundo o Vaticano, dos 81,7 milhões de habitantes da Alemanha 24,6 milhões são católicos, o que corresponde a 30% do total da população.

Bento XVI será recebido pelo presidente federal, Christian Wulff, e por Angela Merkel em Berlim, na quinta-feira, dia no qual vai discursar perante o parlamento alemão, o Bundestag, um gesto que gerou protestos de alguns partidos da oposição.

Além da vertente política, a viagem tem um assumido caráter ecuménico: Em Erfurt, capital da Turíngia, no leste do país, o Papa começa por visitar a catedral católica, reunindo, pelas 11h45, com representantes do Conselho da Igreja Evangélica Alemã no antigo convento dos Agostinhos, onde viveu Martinho Lutero (1483-1546), antes de promover a reforma que o levou à separação de Roma.

“Bento XVI viaja a um país que ainda hoje se ressente do cisma que se seguiu à Reforma do século XVI”, refere o departamento de celebrações litúrgicas do Papa.

O missal da viagem à Alemanha sublinha que a nação conta com “cada vez mais pessoas com uma história familiar de imigração”.

“Com elas, chegaram a este país também religiões não-cristãs, em primeiro lugar o Islão”, acrescenta o texto.

O programa desta viagem inclui seis voos, 12 discursos, três homilias, duas saudações e mais de 2750 quilómetros percorridos em 84 horas e meia.

Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927 e foi eleito Papa no dia 19 de abril de 2005.

OC



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