Ali Agca foi libertado Octávio Carmo 12 de Janeiro de 2006, às 10:38 ... O turco Mehmet Ali Agca, um dos envolvidos na tentativa de assassinato de João Paulo II a 13 de Maio de 1981, foi hoje colocado em liberdade. A decisão do tribunal turco acontece pouco mais de nove meses depois da morte do Papa polaco. Agca apresentará um relatório médico sobre as suas "deterioradas" condições psÃquicas para evitar o serviço militar obrÃgatório na Turquia. Agca, que considera o Papa polaco o seu "irmão espiritual", afirmou que, após a libertação, quer vir a Fátima "rezar de joelhos durante 10 dias". A 13 de Maio de 1981, Agca, então com 23 anos, disparou e feriu no abdómen João Paulo II, quando esteve viajava num carro descapotável, na Praça de S. Pedro a caminho de uma audiência. João Paulo II visitou pessoalmente Ali Agca na prisão romana de Rebbibia, em 1983, para manifestar-lhe o seu perdão. Agca passou 19 anos em prisões italianas, sendo depois extraditado para a Turquia, onde foi condenado a prisão perpétua pelo assalto a um banco nos anos 70 e pelo assassÃnio de um jornalista em 1979, pena depois comutada para dez anos de prisão. Em resposta a estes acontecimentos, o director da sala de imprensa da Santa Sé, JoaquÃn Navarro-Valls, emitiu um breve comunicado onde afirma que “a Santa Sé, perante um problema de natureza jurÃdica, respeita as decisões dos tribunais implicados neste casoâ€. No seu último livro “Memória e Identidadeâ€, João Paulo II afirmava-se convencido de que Ali Agca actuou a mando de alguém, sem citar nenhum paÃs. Em 2002, na Bulgária, o Papa Wojtyla afirmou que "nunca" acreditara na pista búlgara sobre o atentado. João Paulo II acreditava que uma "ideologia da prepotência encomendou o atentado" executado por Ali Agca a 13 de Maio de 1981. Em "Memória e Identidade", o Papa apresentava pela primeira vez as suas convicções sobre a responsabilidade por este episódio. "Acredito que este atentado foi uma das últimas convulsões das ideologias da prepotência, que se desencadearam no século XX. A violência motivada por tais argumentos também se manifestou aqui na Itália: as Brigadas Vermelhas matavam homens inocentes e honestos", relatou. Narrando depois a conversa que teve em 1983 com Agca na prisão, escreveu: "Ali Agca, como todos dizem, é um assassino profissional. Isto significa que o atentado não foi uma iniciativa sua. Alguém o idealizou, alguém o contratou para executá-lo". Apesar das muitas declarações contraditórias em volta do atentado, Agca defendeu que trabalhou "a contrato", mas o mistério relativamente à identidade dos mentores da tentativa de assassÃnio de João Paulo II mantém-se. O antigo secretário pessoal de João Paulo II, D. Stanislaw Dziwisz, também aceitou a decisão dos tribunais turcos de pôr em liberdade Ali Agca. O actual Arcebispo de Cracóvia fez saber, através do seu porta-voz, que "João Paulo II perdoou a Ali Agca há muito tempo. Agora João Paulo II reza por ele no céu e eu também rezoâ€. “A decisão de o libertar corresponde ao sistema judicial em Ankara", acrescentou, na mesma linha da reacção oficial do Vaticano. D. Dziwisz, homem da confiança de João Paulo II, foi quem recebeu nos braços o Papa, depois dos disparos de Ali Agca. Considera-se que o secretário pessoal salvou a vida do Papa Wojtyla ao tomar a decisão de levá-lo directamente ao hospital no Papamóvel, em vez de esperar por uma ambulância. João Paulo II Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...