Vaticano

Ali Agca volta à prisão

Octávio Carmo
...

Vaticano não comenta o caso

O Supremo Tribunal turco anulou hoje a decisão do passado dia 12 de um tribunal de Istambul de libertar o homem que tentou assassinar o Papa João Paulo II em 1981, Mehmet Ali Agca, que terá de voltar à cadeia. O Supremo considerou por unanimidade que a libertação de Agca nunca devia ter ocorrido, precisou a agência noticiosa Anatólia. Agca, 48 anos, deixou o estabelecimento prisional de Kartal, Istambul, há cerca de uma semana, depois de passar os últimos 25 anos atrás das grades, dos quais 19 em Itália. A sua libertação antecipada só foi possível graças a uma amnistia decretada em 2002, que contemplou a redução de penas de reclusos condenados até Abril de 1981. O Vaticano não quis fazer "qualquer comentário" à decisão judicial turca de mandar Agca de volta à prisão. "Não há qualquer comentário a fazer", disse o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, citado pela agência italiana Ansa. "Face a um problema de natureza judicial, a Santa Sé remete a decisão para os tribunais competentes", acrescentou. A 13 de Maio de 1981, Agca, então com 23 anos, disparou e feriu no abdómen João Paulo II, quando este viajava num carro descapotável, na Praça de S. Pedro a caminho de uma audiência. João Paulo II visitou pessoalmente Ali Agca na prisão romana de Rebbibia, em 1983, para manifestar-lhe o seu perdão. Agca passou 19 anos em prisões italianas, sendo depois extraditado para a Turquia, onde foi condenado a prisão perpétua pelo assalto a um banco nos anos 70 e pelo assassínio de um jornalista em 1979, pena depois comutada para dez anos de prisão. No seu último livro “Memória e Identidade”, João Paulo II afirmava-se convencido de que Ali Agca actuou a mando de alguém, sem citar nenhum país. Em 2002, na Bulgária, o Papa Wojtyla afirmou que "nunca" acreditara na pista búlgara sobre o atentado.


João Paulo II