O tema da Campanha da Fraternidade para 2007: “Fraternidade e Amazónia”, escolhido há poucos dias pelos membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está, desde já, a criar alguma expectativa nos círculos da Igreja mais directamente ligados às realidades daquela região do globo.
Para o missionário António Fernandes, a escolha da Amazónia como tema da CF 2007, vai ser um momento propício para repensar temas importantes ligados às problemáticas pastorais deste pulmão do mundo.
Vai ser um momento propício para repensar temas importantes ligados às problemáticas pastorais, sociais e de espiritualidade cristã que a realidade deste imenso pulmão do planeta, com os seus povos indígenas, a sua rica biodiversidade e as suas complexidades, suscita na Igreja e no mundo.
Essa é a opinião do padre António Fernandes, até há pouco tempo superior provincial dos missionários da Consolata em Roraima, na Amazónia brasileira, e actualmente na Direcção Geral deste mesmo Instituto Missionário.
Contactado pela Fátima Missionária, António Fernandes manifestou-se entusiasmado com a escolha deste tema por parte da CNBB. Perguntado sobre o impacto pastoral e social que este tema, trazido para o centro da reflexão e celebração pastoral da Igreja, possa ter, António sublinhou que nós todos precisamos “acreditar que um outro mundo é possível” e, neste sentido, a Amazónia tem muito a dizer-nos. “Com os seus povos ajuda-nos a ver o mundo como a verdadeira casa de Deus, alerta-nos para esta realidade, a criação como centro”, frisa.
“Além disso”, ressalta, este tema da Campanha da Fraternidade 2007 vai ser um momento privilegiado para oferecer ao Brasil e ao mundo “uma espiritualidade da criação, apresentando o mundo como casa de Deus, que integra o ser humano em todas as suas relações, no respeito pela natureza, como criação de Deus, no valor da água, da biodiversidade.”
Para ele, isso faz ainda mais sentido lido na perspectiva de “uma sociedade que se distancia cada vez mais da terra, da natureza e procura homogeneizar a todo o custo o ser humano”.
Segundo este missionário da Consolata, que dedicou boa parte da sua vida missionária ao trabalho com os povos indígenas do Roraima, o modus vivendi dos povos indígenas, habitantes desta imensa floresta, “tem muito a ensinar ao mundo de hoje, como a relação não-predatória com o meio ambiente, a terra como espaço sagrado, como sacramental, e uma relação de respeito, valorização do tempo, do quotidiano, da escuta, de comunhão com toda a criação”, acrescenta.
Recordo que, quando da apresentação do tema à imprensa pelo secretário executivo da Campanha da Fraternidade, Padre José Carlos Toffoli, foi informado que muitos abaixo-assinados foram enviados a solicitar que o tema seja a Amazónia. Por seu lado, os bispos da CNBB consideram que, no caso de escolha do tema da Amazónia, “que haja um cunho missionário e de solidariedade às comunidades, uma conversão para a solidariedade ao povo pobre da Amazónia, além do aspecto ambiental”.
Foram também apresentadas algumas sugestões de enfoques para o tema Campanha da Fraternidade e Amazónia, tais como: a missão, os povos da Amazónia, o abandono das populações que ali vivem, o meio ambiente, a presença e o papel da Igreja. Sugere-se ainda que sejam feitas proposições positivas, e incluir os outros países da Amazónia, numa dimensão ecuménica.
Em 2007 a Igreja no Brasil vai convidar o mundo a pensar e repensar a sua relação com este paraíso da criação, mas tão maltratado e esquecido. Ficaremos atentos.
Albino Brás - Fátima Missionária