Um dirigente do BJP (Bharatiya Janata Party), partido nacionalista hindu, foi preso pela polícia indiana sob a acusação de ter assassinado a 28 de Agosto passado o padre Job Chittilappilly na paróquia de Thuruthiparambu (diocese de Irinjalakuda, no Estado sudeste de Kerala).
O sacerdote, que durante 45 anos desenvolveu seu trabalho na comunidade católica de rito sírio-malabar --fortemente enraizada neste Estado--, foi encontrado morto na residência de sua paróquia de Nossa Senhora das Graças com vários ferimentos de arma branca.
Nada foi roubado da casa do padre Chittilappilly, que estava rezando o Rosário antes da Santa Missa, que deveria celebrar às 6h30, quando foi assassinado a punhaladas, «a primeira vez que um sacerdote é assassinado a sangue frio em Kerala», denunciou então dom Jacob Thoomkuzhy, arcebispo de Trichur.
Segundo informam esta sexta-feira fontes da agência missionária «Misna», o preso pela polícia se chama Reghu Kamar, tem 25 anos e em princípio já havia confessado o assassinato.
As investigações preliminares apontam a que o sujeito apunhalou até a morte o sacerdote porque temia que ele pudesse convencer os hindus a que se convertessem ao cristianismo.
O detido também tinha a intenção de reabrir um templo hindu situado igualmente em Thuruthiparambu.
O templo, ao lado da igreja de Nossa Senhora das Graças, está fechado há duas décadas após o assassinato de seu “sacerdote” hindu e, de acordo com uma crença local, retomaria sua atividade só depois do sacrifício de outro sacerdote.
Após conhecer a notícia da detenção de Kumar --antigo membro do COM (Partido comunista marxista) antes de entrar no BJP--, fiéis da paróquia cercaram a polícia durante horas gritando contra as forças de ordem e acusando-as de um intento de «silenciar a conspiração que está detrás do delito e minimizar a situação acusando um só indivíduo».
O secretário-geral da Conferência dos Bispos Católicos da Índia (CBCJ), dom Percival Frenandez, recordou que «os cristãos em Kerala viveram em paz e harmonia durante séculos e o homicídio do padre Job é uma tentativa de criar tensões entre as comunidades por parte de pessoas de má-fé».
A CBCI pediu ao governo de Kerala uma investigação estatal sobre o crime.
O sacerdote assassinado havia recebido várias vezes ligações ameaçadoras para que não visitasse famílias hindus, que, por sua parte, recebiam-no com alegria sem haver proselitismo por parte do padre.
Condenando o assassinato do sacerdote e a indiferença do governo no caso, o arcebispo de Trichur --capital de Kerala--, dom Thoomkuzhy, expressou a «AsiaNews» esta sexta-feira: «Não nos deteremos até que não sejam encontrados os verdadeiros culpados e revelados seus motivos».
A arquidiocese de Trichur organizou para o sábado uma manifestação de protesto pelo assassinato do padre Chittilappilly e pela indiferença das autoridades.
Por sua parte, a diocese de Irinjalakuda, que também se manifestou na quinta-feira pelo mesmo motivo, constituiu um comitê de 250 membros a fim de obter uma indagação por parte do Departamento central de investigação.
Kerala é conhecido também como «o país de Deus», pela ampla presença cristã.