O arcebispo de Kirkuk, D. Louis Sako, defende que o Ocidente não deve voltar as costas ao Iraque após a entrega da soberania aos iraquianos “porque há muito ainda a fazer pela paz e pela reconstrução do país”.
O líder da Igreja Católica em Kirkuk, (norte do Iraque) participou recentemente numa conferência em Birminghan, Inglaterra, intitulada “Luz e Escuridão: A Igreja que Sofre”, organizada pela secção inglesa da Fundação “Ajuda à Igreja que Sofre”. D. Louis Sako saudou a transferência de poder para o governo interino iraquiano mas lembrou que o auxílio contínuo da comunidade internacional é vital para a emergência de um novo e estável Iraque.
“Os americanos ganharam a guerra mas não ganharam a paz. A paz é um processo que demorará o seu tempo”, lembrou D. Louis Sako.
O prelado refere que o sentimento anti-americano que grassa entre os iraquianos foi exagerado e que a agitação social resulta do efeito da libertação num povo oprimido durante décadas pelo regime de Saddam Hussein.
Na opinião do arcebispo, as atrocidades que se têm verificado são obra de “terroristas” e “fanáticos” que, na sua maioria, vieram de países estrangeiros. “Os muçulmanos são muito mais liberais no Iraque do que noutros países”, sublinha.
Apesar do clima instável que se vive em várias zonas do país, está a surgir, na sua opinião, uma sociedade pacífica das cinzas do antigo Iraque. “Ao mesmo tempo, deveria nascer uma nova Igreja. Os cristãos devem ser testemunhas da cultura de diálogo, paz, perdão e reconciliação”, considera D. Louis Sako.
Apesar do seu optimismo, o Arcebispo de Kirkuk recordou também que os cristãos correm o risco de desaparecer do Iraque no espaço de uma geração, caso não obtenham auxílio das organizações humanitárias ocidentais e de instituições de caridade como a “Ajuda à Igreja que Sofre”. Segundo os seus dados, cerca de 10 mil cristãos abandonam o Iraque em cada ano. Em 30 anos o seu número decresceu em um terço e actualmente são cerca de 750 mil os cristãos iraquianos.