O arcebispo D. Basile Georges Casmoussa, libertado menos de 24 horas depois de ter sido raptado no Iraque, criticou os responsáveis pelo caos e a desordem no país, a menos de duas semanas das eleições.
“O Iraque está mergulhado no caos, onde quer que vamos há desacatos e temos uma alta taxa de desemprego”, atirou o líder da comunidade siro-católica de Mossul, em declarações à agência missionária Misna.
“No nosso país ainda não há democracia”, vincou, apontando o dedo às forças da coligação que invadiram o país.
O prelado foi hoje deixado junto a uma estrada da zona leste de Mossul, pelos seus raptores, sem que tivesse sido maltratado. O próprio relatou que regressou a casa de táxi e que se encontra “bem”.
A Fundação “Ajuda à Igreja que Sofre” avançou com informações de que este sequestro teria motivações políticas. Nas últimas semanas, o Arcebispo Casmoussa terá recusado as exigências do grupo “Mossul Arab” que pretendia que os cristãos abandonassem Mossul e as populações circundantes.
D. Basile Georges Casmoussa nega que tal tenha acontecido e sustenta que o seu rapto “não passou de um erro”, dado que nunca tinha recebido nenhuma ameaça deste género no passado. “Episódios como este são interpretados pelos habitantes locais como um sinal para os ambientes eclesiásticos, por parte de grupos extremistas, tendo em vista as eleições de 30 de Janeiro e querendo impedir a Igreja de assumir um papel de relevo no próximo governo, mas eu não penso que seja assim”, declarou.
O Arcebispo de Kirkuk, D. Louis Sako, que participou nas negociações para a libertação de D. Georges Casmoussa disse à “Ajuda à Igreja que Sofre” que “os cristãos de Mossul estão aterrorizados” e que não deverão participar nas eleições, marcadas para o final do mês.
Isso mesmo admite o arcebispo siro-católico de Mossul, que fala na “insegurança” da minoria cristã e acusa os soldados norte-americanos de “terem contribuído para dar uma imagem negativa do Cristianismo”, por serem vistos pelas populações locais como forças de ocupação.
D. Georges Casmoussa, de 66 anos, dirige a Arquidiocese de Mossul desde 1999 e é bastante popular entre os habitantes da cidade pelo seu compromisso no diálogo entre cristãos e muçulmanos, como sublinhou esta manhã o porta-voz do Vaticano, Navarro-Valls, ao anunciar a sua libertação.
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