O Arcebispo D. Lawrence Saldanha considerou que a resposta das autoridades paquistanesas “foi imediata e eficaz” na reacção aos motins do passado domingo na cidade de Sukkur, na sequência dos quais duas igrejas cristãs foram incendiadas.
Segundo informações recolhidas pela Ajuda à Igreja que Sofre, pelo menos duas pessoas ficaram feridas no passado dia 19 na cidade de Sukkur (a 450 quilómetros a norte da cidade costeira de Karachi) quando mais de 2.500 pessoas se manifestaram em protesto contra uma alegada profanação do Corão que terá sido cometida por um cristão.
No passado domingo, uma multidão enfurecida incendiou uma igreja católica (Sta. Maria) e uma igreja protestante (São Xavier), danificando também as escolas contíguas às igrejas cristãs. Os actos de vandalismo estenderam-se ainda às lojas na cidade, mas a polícia interveio rapidamente dispersando a multidão com gás lacrimogéneo.
“Neste momento é grande o clima de tensão e precisamos de todo o apoio por parte das autoridades”, descreveu D. Lawrence Saldanha, sublinhando que os cristãos paquistaneses estão a ser, mais do que nunca, pressionados pelos muçulmanos ainda furiosos com a publicação das caricaturas de Maomé.
Horas após os incidentes, o governador do distrito de Sindh anunciou uma série de medidas de protecção à comunidade cristã de Sukkur e garantiu que as autoridades locais iriam suportar os custos da reparação das igrejas.
O Movimento Muttahida Quami, partido político local que representa os muçulmanos de origem indiana, também condenou os ataques, referindo que estes tiveram uma motivação política e não foram inspirados pelo Islão.
Pelas leis da blasfémia em vigor no Paquistão, as ofensas ao Corão são puníveis com a pena de prisão perpétua e as ofensas ao profeta Maomé poderão mesmo levar à pena de morte. Contudo, estas leis são habitualmente utilizadas como pretexto por pessoas que querem livrar-se de adversários. Na origem deste caso em Sukkur supõe-se que terá estado uma disputa entre 2 familiares.
Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
