Arménia: Papa convida a preservar «memória do povo» marcada pela fé cristã
Dezenas de milhares de pessoas acompanharam celebração na segunda maior cidade do paÃs
Gyumri, Arménia, 25 jun 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco presidiu hoje à sua primeira Missa para a comunidade católica arménia, na cidade de Gyumri, a 120 quilómetros da capital Erevan, e convidou à preservação da “memória do povo”.
“De facto, os povos têm uma memória, como as pessoas. E a memória do vosso povo é muito antiga e preciosa”, sublinhou, naquela que é considerada a primeira nação cristã da história, após ter proclamado o Cristianismo como religião oficial de Estado em 301.
Francisco recordou as “tremendas adversidades” que os cristãos arménios tiveram de viver na sua história e homenageou os que deram testemunho de fé com o seu “sangue”.
A celebração reuniu dezenas de milhares de pessoas, muitas delas vindas da vizinha Geórgia, na Praça Vartanants.
No início da Missa, o patriarca da Igreja Apostólica Arménia, Karekin II, dirigiu uma saudação a Francisco.
O Papa evocou o terramoto que em 1988 atingiu esta cidade e quis “dar graças a Deus por tudo o que foi reconstruído”.
A partir desta constatação, Francisco questionou os participantes sobre o que devem “construir hoje na vida”.
A homilia apresentou, neste sentido, “alicerces” para cada pessoa: a memória, a fé e o amor.
“É bom para poderdes lembrar, com gratidão, que a fé cristã se tornou a respiração do vosso povo e o coração da sua memória”, observou.
Francisco pediu que esta fé não seja vista como uma peça de “museu” ou algo do passado, mas como fonte de “esperança” para o futuro.
“Far-nos-á bem deixar que o encontro com a ternura do Senhor acenda a alegria no coração: uma alegria maior do que a tristeza, uma alegria que perdura mesmo no meio da dor, transformando-se em paz”, precisou.
A intervenção na única Eucaristia pública dos três dias de viagem pontifícia elogiou a “grande história” de evangelização da Arménia, país que não recebia a visita de um Papa desde 2001.
Francisco concluiu a sua intervenção apresentando o “amor concreto” como cartão-de-visita do cristão, chamado a “edificar pontes de união e a superar as barreiras de separação”.
“Deus habita no coração de quem ama; Deus habita onde se ama, especialmente onde se cuida, com coragem e compaixão, dos frágeis e dos pobres”, acrescentou.
A homilia, em italiano, foi traduzida em arménio, com a ajuda de um intérprete.
O Papa aludiu à figura de São Gregório de Narek(950-1005), “palavra e voz da Arménia”, um monge recordado como místico e teólogo que Francisco proclamou em 2015 como 36.º doutor da Igreja.
No final da celebração, o pontífice quis manifestar a sua “viva gratidão” a Karekin II e aos bispos católicos presentes.
Francisco estendeu os agradecimentos a todos os que se deslocaram a Gyumri, vindos “de diferentes regiões e mesmo da vizinha Geórgia”.
“Que a Virgem Maria, nossa Mãe, sempre vos acompanhe e guie os passos de todos pelo caminho da fraternidade e da paz”, concluiu.
OC
Notícia atualizada às 10h10
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