Vahram Soghomonyan, que integra uma organização não-governamental armena para a promoção da tolerância religiosa, defende a integração do seu país na União Europeia e a partilha dos valores cristãos na Europa.
Vahram Soghomonyan trabalha numa ONG dedicada à cooperação democrática e é também especialista em assuntos religiosos. Participou recentemente no curso “Relações Públicas em Instituições da Igreja”, promovido pela Ajuda à Igreja que Sofre, que reuniu cerca de duas dezenas de jornalistas e relações públicas vindos de países da antiga União Soviética como a Rússia, Ucrânia, Bielorrússia ou a Arménia, permitindo a partilha de experiências entre profissionais da comunicação da Igreja
“Este curso permitiu-me conhecer a experiência de outros países, que pelo seu passado socialista, se depararam com problemas de liberdade religiosa”, referiu Soghomonyan em entrevista à Ajuda à Igreja que Sofre. “A organização de que faço parte, que é financiada pela Open Society, tem-se ocupado de um projecto para a promoção da tolerância religiosa na Arménia. Organizamos mesas-redondas entre várias organizações religiosas e a Igreja Apostólica”, acrescentou.
Sobre a cooperação entre a Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica, Soghomonyan recordou a experiência ecuménica da visita de João Paulo II à Arménia em 2001, por ocasião do 1700º aniversário da adopção do cristianismo como religião oficial. Segundo este especialista, “existem tradicionalmente boas relações com a Igreja Católica e a Igreja Apostólica armena, que tem costumes próprios e se identifica com a própria identidade nacional, é bastante aberta e liberal”.
A Igreja Apostólica Armena deve a sua designação aos apóstolos Bartolomeu e Tadeu, que evangelizaram a Arménia nos primeiros séculos do cristianismo. No ano 301, a Arménia – então governada pelo Rei Tiridates – seria a primeira nação a declarar-se cristã. Desde o ano 451 até 1996, a Igreja armena esteve separada da Igreja Católica, até a assinatura, por parte de João Paulo II e Karekin I, de um acordo teológico indicando a partilha de crença.
Actualmente as relações entre o Estado e a Igreja, estão novamente normalizadas após décadas de perseguição ao clero por parte do regime soviético, que terminou com a independência do país em 1991.
“A Igreja está numa fase de renascimento, após o colapso da União Soviética. As pessoas estão a aproximar-se da Igreja, mas tivemos um problema em relação ao reduzido número de sacerdotes, que está a ser ultrapassado pela formação. Foi permitido que a Igreja Apostólica educasse as crianças na escola”, referiu Vahram Soghomonyan, recordando que esta posição é defendida pela maioria dos arménios apostólicos (que hoje representam cerca de 90% da população).
Quanto aos principais desafios que se deparam actualmente aos jovens cristãos armenos, Soghomonyan destacou a questão da integração da Arménia na União Europeia que, defendeu, “assenta nos mesmos ideais cristãos que são defendidos pela maioria dos armenos”.
Soghomonyan sublinhou ainda que existe na Arménia “uma espécie de vazio espiritual nos países do pós-socialismo”, aproveitado por pequenos grupos religiosos, na sua maioria estrangeiros, que fazem a sua propaganda junto da sociedade. “O nosso objectivo principal é fazer com que esta «competição» seja mais aberta, que todos sejam tolerados e que as comunidades religiosas não se confrontem entre si”, concluiu.
Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre