Vaticano

Bento XVI despediu-se de Israel

Agência Ecclesia
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Bento XVI despediu-se esta Sexta-feira de Israel, concluindo uma viagem de oito dias à Terra Santa. Na cerimónia de despedida, em Telavive, Bento XVI foi acompanhado por Shimon Peres e Benjamin Netanyahu, presidente e primeiro-ministro de Israel. O Papa passou em revista os vários momentos da sua estadia no país, reafirmando em particular a sua condenação do “terrível episódio†do Holocausto. Referindo como “um dos momentos mais solenes†desta estadia em Israel a visita ao Memorial do Holocausto, Yad Vashem, o Papa recordou o encontro tido com alguns sobreviventes da Shoah, “profundamente emocionante†que lembrou a visita realizada há três anos ao Campo de Auschwitz, onde tantos judeus foram “brutalmente exterminadosâ€. “Tantos Judeus – mães, pais, irmãos, maridos, esposas, irmãos, irmãs, amigos – foram brutalmente exterminados por um regime sem Deus que propagandeava uma ideologia de anti-semitismo e de ódio. Não se deve nunca esquecer ou negar este horroroso capítulo da história. Pelo contrário, aquelas negras recordações devem fortalecer-nos na decisão de nos estreitarmos ainda mais uns aos outros como ramos da mesma oliveira, alimentada pelas mesmas raízes e unidos pelo amor fraternoâ€, disse. Evocando a oliveira plantada no jardim da residência presidencial, no dia da sua chegada a Israel, Bento XVI recordou que é precisamente a imagem de uma oliveira que São Paulo usa para descrever a íntima relação entre cristãos e judeus. “Somos alimentados pelas mesmas raízes espirituais. Encontramo-nos como irmãos, irmãos que em certos períodos da nossa história tivemos uma relação tensa, mas que agora estamos firmemente empenhados em construir pontes de amizade duradouraâ€, apontou. Agradecendo a calorosa hospitalidade que lhe foi reservada, Bento XVI afirmou que “vim visitar este país como um amigo dos Israelitas, exactamente como sou um amigo do povo palestinianoâ€. “Os amigos gostam de passar tempo na companhia um do outro, e afligem-se profundamente quando vêem o outro sofrer. Nenhum amigo dos Israelitas e dos Palestinianos pode deixar de se contristar com as contínuas tensões entre os vossos dois povos. Nenhum amigo pode deixar de chorar com os sofrimentos e as perdas de vidas humanas que ambos os povos têm sofrido nos últimos sessenta anosâ€, frisou. Neste contexto, deixou um sentido “apelo a todas as populações destas terrasâ€: “Nunca mais derramamento de sangue! Nunca mais combates! Nunca mais terrorismo! Nunca mais guerra! Quebremos o círculo vicioso da violência! Instaure-se, pelo contrário, uma paz duradoura baseada na justiça! Haja uma verdadeira reconciliação que cure as feridasâ€. Concretizando ainda mais o seu apelo, o Papa pediu que “seja universalmente reconhecido o direito do Estado de Israel a existir e a gozar de paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidasâ€. E que “se reconheça igualmente que o povo palestiniano tem direito a uma pátria independente, soberana, a viver com dignidade e a viajar livrementeâ€. Que a solução dos dois Estados se torne uma realidade e não permaneça mero sonhoâ€, acrescentou ainda Bento XVI, que não quis concluir o seu discurso final sem uma referência directa ao Muro construído por Israel na Cisjordânia. “Para mim, uma das mais tristes imagens na minha visita a estas terras foi o muro. No momento de passar ao lado dele, rezava pedindo um futuro em que as populações da Terra Santa possam viver em paz e harmonia sem necessidade de tais instrumentos de segurança e separação, respeitando e confiando um no outro e renunciando a toda e qualquer forma de violência e agressãoâ€, observou. No final do discurso, o Papa assegurou as suas orações e as dos católicos de todo o mundo “para que prossigam os esforços para construir nesta região uma paz justa e duradouraâ€. (Com Rádio Vaticano)


Bento XVI - Terra Santa