Mensagem para o Dia Mundial do Turismo - 27 de Setembro de 2005
Bento XVI defendeu hoje que o sonho de um turismo “sem fronteiras” deve ajudar a criar “um futuro melhor para a humanidade”, sublinhando as exigências éticas que devem estar por detrás desta actividade.
“É importante que todos os que têm responsabilidade neste âmbito (o turismo) – políticos e legisladores, homens de governo e do mundo financeiro – se empenhem em favorecer o encontro pacífico entre as populações, garantindo segurança e facilidade de comunicação”, pode ler-se na Mensagem para o Dia Mundial do Turismo, que se celebrará a 27 de Setembro de 2005.
O texto acrescenta que “os promotores, organizadores e trabalhadores do sector turístico são chamados a construir estruturas que o tornem sadio, popular e economicamente sustentável”, tendo claro que o primeiro fim de qualquer actividade, incluindo a turística, “é o respeito pela pessoa humana, no contexto da busca do bem comum”.
A carta foi enviada em nome do Papa pelo Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, sendo endereçada ao Cardeal Stephen Fumio Hamao, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. O Dia Mundial do Turismo terá como tema, em 2005, “ “Viagens e transportes: o mundo imaginário de Júlio Verne à realidade do século XXI”.
Bento XVI destaca esta escolha da Organização Mundial do Turismo, referindo que “ainda hoje há obstáculos a superar para que a oferta turística, fruto das viagens e dos transportes, seja alargada a todos”.
“Novas e inéditas possibilidades de viagens, com meios de transportes cada vez mais modernos e velozes, podem fazer do turismo uma providencial ocasião para partilhar os bens da terra e da cultura”, acrescenta a missiva.
Para o Papa, quem viaja em turismo “deve ser movido pelo desejo de encontrar os outros, respeitando-os na sua diversidade pessoal, cultural e religiosa”. A mensagem apela “ao diálogo e à compreensão” entre as pessoas, pedindo que os seus comportamentos promovam “respeito, solidariedade e paz”.
Neste sentido, Bento XVI desafia as comunidades cristãs a acolher os turistas “oferecendo-lhes a possibilidade de descobrir a riqueza de Cristo”, seja no património religioso, seja “na vida quotidiana de uma Igreja viva”.
As questões de ética têm merecido atenção especial por parte do Vaticano. No último Congresso Mundial sobre a Pastoral do Turismo, organizado pelo Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, os participantes manifestaram o desejo de que “os Governos procedam a dar mais ajuda no que concerne à formação moral e humana das pessoas empenhadas no turismo, tendo também em conta as necessidades pastorais”. Um dos instrumentos apresentados para este fim foi o Código Ético Mundial para o Turismo, que a Organização Mundial do Turismo (OMT) provou e que já inspirou a legislação de alguns países.
O Código destaca a contribuição do turismo para o entendimento e o respeito mútuo entre as pessoas e as sociedades. Actividade associada ao descanso, à diversão, à cultura e à natureza, o turismo “deve conceber-se e praticar-se como um meio privilegiado para o desenvolvimento individual e colectivo”, sublinha o documento. Por último, ainda sobre a aplicação dos princípios enunciados no Código, apresenta-se a proposta de um “Comité Mundial de Ética do Turismo”.