O bispo da Prelazia do Xingu em Altamira, D. Erwin Krautler, disse que a situação no Pará “é difícil”. Numa audiência no Senado, ocorrida nesta última quarta-feira, dia 22, o prelado revelou que em Anapu, cidade onde foi assassinada a missionária Dorothy Stang, "o povo está abandonado e só pode apelar para a Igreja Católica".
D. Krautler condenou o "derramamento de sangue" na região e afirmou que as condições de vida do povo são “muito precárias”. O prelado também contou que irmã Dorothy não acreditava que pudesse ser assassinada, apesar das ameaças que recebia. "Ela se perguntava: quem vai querer matar uma velha como eu?", relatou.
Ao ressaltar a insistência da irmã em não querer abandonar a aldeia da região e a sua proximidade com os mais pobres, o Bispo indicou que "em 1982, a irmã veio de Marabá e pediu para trabalhar num lugar carente, com pessoas pobres e necessitadas".
Nesse mesmo dia, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) alertou o Presidente Lula, de que o próximo activista de direitos humanos "marcado para morrer" no Pará, é o frade francês Fr. Henri Burin de Roziers, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O alerta foi feito pelo conselheiro federal da OAB e ex-presidente da entidade no Pará, Sérgio Alberto Frazão do Couto, o qual disse temer pela vida do missionário, que é defensor dos direitos humanos na região de Xinguara e é advogado das causas da CPT, entre as quais, a principal é a questão do trabalho escravo.
"No sul do Pará, os frades e as irmãs estão ameaçados, a Serra Pelada é um barril de pólvora e vemos repetir-se a irresponsabilidade de governos que se sucedem, sem nada fazer para resolver as causas dos conflitos no Pará", afirmou o conselheiro federal da OAB.
