Vaticano

Bispo de Baucau critica desempenho dos políticos

Diário do Minho
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D. Basílio do Nascimento considera que, politicamente, os últimos cinco anos do país ficaram marcados sobretudo pela inexperiência da Fretilin que, segundo o Bispo de Baucau, cometeu erros porque os dirigentes desconhecem o país e estão pouco preparados. «Para uma grande parte dos nossos governantes, o primeiro emprego que tiveram na vida foi ser ministro. Estas coisas aprendem- -se, só que, de um momento para o outro, ser ministro de um país onde não há nada é um bocado temerário », disse D. Basílio do Nascimento à agência Lusa. Segundo o Bispo de Baucau, o principal erro da Fretilin foi «não conhecer o país» e referiu-se, sem apontar nomes, à «classe política que veio de fora, que imaginou Timor-Leste parado no tempo». Para D. Basílio do Nascimento, depois da independência, em 2002, os políticos da Fretilin «não souberam adaptar-se à realidade». «Para eles, o Timor ainda era o Timor de 1975. A maior parte da classe dirigente não acompanhou esta evolução de Timor ao longo de 24 anos e teve surpresas», acrescentou. Segundo o responsável pela Diocese de Baucau, o Governo da Fretilin, liderado por Mari Alkatiri, não soube adaptar-se à realidade de Timor-Leste. «Nos primeiros três anos de governação acho que não acertaram e quando quiseram acertar já tinham criado muitos anticorpos e muitas reacções hostis, de Bispo de Baucau critica desempenho dos políticos maneira que o bem que, porventura, tenham feito nos últimos tempos não conquistou o coração das pessoas», frisou. D. Basílio do Nascimento reconhece o papel histórico da Fretilin durante a ocupação indonésia, mas afirmou que a mensagem política do partido está esgotada e que a falta de quadros não permite a aplicação das políticas. «Até aqui funcionava a afectividade histórica, mas o partido maioritário encarregou- se de mostrar que não tinha capacidade. Tinha nome, criou muita simpatia do ponto de vista afectivo mas as pessoas foram aprendendo que, se calhar, o partido tem o seu lugar na história. O partido não tem quadros para implementar aquilo que porventura se criou como uma expectativa desenvolvida e dinamizada pelo partido», disse. Aulas de Religião apontadas como exemplo D. Basílio, que assinalou na segunda-feira os 10 anos da criação da Diocese de Baucau, disse à Lusa que a proposta do Governo da Fretilin, apresentada em Novembro de 2005, sobre o fim das aulas de Religião e Moral nas escolas timorenses, o que provocou na altura manifestações por parte da Igreja, foi um exemplo daquilo que aponta como o desconhecimento que os dirigentes têm sobre a população timorense. «Isso foi uma ponta do iceberg. O que nós tínhamos intuído era que se tratava de um conceito de sociedade que, a nosso ver, não tinha nada a ver com a maneira de ser, de agir e de pensar deste povo», afirmou D. Basílio do Nascimento. «Há um reconhecimento da parte da população em relação à Igreja, em certos parâmetros da vida em que só a Igreja está a intervir. Refiro-me à educação e refiro-me à assistência social », explicou o prelado. Mari Alkatiri, secretário geral da Fretilin, disse ontem, em entrevista à Lusa, que espera «que a Igreja não seja política e que seja Igreja, porque senão há duas facções políticas com os mesmos militantes». «Católicos são 95 por cento da população e a Fretilin é o partido maioritário deste país, também são católicos, tirando eu e poucos mais», disse à Lusa. Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro e fundador do maior partido de Timor-Leste.


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