O Bispo de Cabinda, D. Paulino Madeca, acolhe com cepticismo a iniciativa em curso da ONU sobre os direitos humanos. O prelado manifestou-se decepcionado no final da audiência que concedeu à representante especial do Secretário Geral da ONU, Hina Jilani, em visita à região desde ontem.
Questionado sobre a resposta da sua interlocutora ao pedido de transmitir ao presidente angolano a necessidade de paz no enclave, o prelado revelou que “não me respondeu nada. Sou céptico. Não sei, não sei. Dizem que sabem o que se passa aqui, mas não vêm possibilidade nenhuma para acabar com o que há aqui de mal”.
“Sem paz não se pode fazer nada”, acrescentou D. Paullino Madeca, em declarações transcritas pelo jornal católico “O Apostolado”.
D. Paulino realçou ter pedido “encarecidamente” à representante de Kofi Annan para que interceda junto do Presidente José Eduardo dos Santos neste sentido. “Dissemos o que nós temos feito a respeito dos direitos humanos aqui na diocese, aquilo que nós estamos a sofrer por esta ousadia. Fomos chamados de terroristas, de bandidos publicamente na Radio Nacional. Depois, dissemos o que estamos a fazer para evitarmos que haja o pior”, indicou, ainda o Bispo.
Assinalou, também, ter defendido que Dos Santos permita negociações “de igual para igual”. De acordo com as suas informações, os guerrilheiros independentistas estão-se a juntar num movimento único, para poderem iniciar negociações, com vista à auto-determinação do enclave.