O Bispo de Dili, D. Alberto Ricardo da Silva, não concorda com o acordo entre os líderes políticos timorenses e indonésios para que não fossem julgados em tribunal os crimes cometidos em 1999, durante o processo de independência de Timor-Leste.
Após um encontro em Jacarta no passado mês de Janeiro, o Presidente timorense Xanana Gusmão e o seu homólogo indonésio, Susilo Yudhoyono, anunciaram ter acordado que não seriam levadas a tribunal as atrocidades cometidas em Timor-Leste em 1999. Nos confrontos entre milícias apoiadas pelo exército indonésio e os independentistas timorenses morreram mais de 1.500 apoiantes da independência e 250 mil pessoas foram deportadas à força.
A falta de apoio público para a realização destes julgamentos foi a razão evocada pelos dois líderes políticos que anunciaram também a criação de uma comissão conjunta para promoção da paz e da amizade entre as duas nações.
Segundo a agência AsiaNews, o Bispo de Dili opõe-se frontalmente à decisão de não levar a julgamento os responsáveis pelos crimes cometidos contra a população timorense. “A posição da Igreja é a mesma, clara e firme. A justiça deve ser feita”, reitera D. Alberto Ricardo, sucessor de D. Ximenes Belo na Diocese de Dili.
O prelado garante que “todos” os timorenses querem que estes julgamentos aconteçam e defende que esta decisão não deve depender apenas dos políticos timorenses nem da decisão das Nações Unidas. A ONU não deu o seu aval a este acordo, propondo antes que seja apurado por uma comissão de especialistas porque falhou a resolução de 1999 do Conselho de Segurança no sentido de julgar os responsáveis por crimes de guerra.
A Unidade de Crimes Especiais que está a investigar as atrocidades de 1999 já deteve 74 timorenses suspeitos de terem cometido crimes de guerra mas não tem poderes para extraditar 300 suspeitos que estão actualmente em território indonésio.