O arcebispo Zacarias Kamwenho alerta que, ainda sem data marcada para as próximas eleições, Angola é um país em ziguezague. O "braço de ferro" entre o Executivo e a oposição preocupa a Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal angolana.
"Preocupa-nos este ziguezague entre Governo e oposição. Nós sabemos que em toda a sociedade está preocupada com esta situação que não vai nem para a frente nem para trás", disse o arcebispo de Lubango.
O reassentamento das populações regressadas e deslocadas, a extensão do sinal da rádio Ecclesia a toda a Angola e o excesso de prisão preventiva, dominaram os relatórios apresentados ontem pelas Dioceses, no primeiro dia do encontro nacional da Comissão Episcopal de Justiça, Paz e Migrações da Igreja Católica neste país africano.
A expansão do sinal da Emissora Católica de Angola tanto é preocupação dos fiéis como das autoridades em grande parte das Dioceses. Nas cidades do Dundo e Menongue, enquanto os fiéis questionam a ausência das emissões da Ecclesia, os governantes têm questionado as autoridades eclesiásticas sobre a existência de correspondentes e da instalação de emissores repetidores.
Nesta quarta-feira, o desarmamento da população civil é o tema em discussão. Um jurista ligado ao Ministério do Interior vai falar sobre o assunto e uma outra visão será dada pela organização não governamental “Angola 2000”.
Representantes das quinze Dioceses, à excepção de Ndalatando, Malange, Uíge e Benguela, tomam parte neste décimo primeiro encontro nacional da Comissão Episcopal de Justiça, Paz e Migrações.
Neste debate de cinco dias da Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal de Angola a questão de Cabinda também vai ser discutida. D. Zacarias elogia o trabalho de reconciliação que o Bispo daquela diocese tem desenvolvido, mas insiste que “é preciso que as partes consigam muito mais do que as meras intenções”.