Contestação aos matrimónios homossexuais sobe de tom
A Igreja Católica em Espanha está a subir o tom da sua contestação à mudança legislativa que irá permitir a realização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo nesse país.
A preocupação já revelada pelo Vaticano é acompanhada, nos últimos dias, por apelos à “desobediência civil” contra esta medida. O Bispo de Segorbe-Castellón, D. Juan Antonio Reig, explica esta posição afirmando que “não há nenhum bem maior do que a consciência”. O Cardeal Ricard Maria Carles, Arcebispo emérito de Barcelona, foi mais longe nas suas críticas, ao afirmar que "fazer prevalecer a obediência à lei sobre à obediência à consicência levou a Auschwitz".
Também o Arcebispo de Toledo e Primaz da Espanha, D. Antonio Cañizares, deixou ontem críticas à lei e considerou que “assim não há futuro”.
O Congresso Espanhol, aprovou, na semana, a lei que permitirá o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo. A Espanha passa a ser o terceiro país do mundo a permitir o casamento entre homossexuais, tendo sido a alteração do Código Civil - proposta pelos socialistas - aprovada pela maioria dos partidos.
Para D. Antonio Cañizares, vice-presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), a lei é “iníqua”, acrescetando críticas às alterações que permitem acelerar os prazos do divórcio. “Está em jogo o futuro do homem e da sociedade, este não é o momento de ficar calados”, advertiu.
O Primaz de Espanha quis deixar claro que a Igreja “não está contra ninguém”, sublinhando que o que está em jogo, por parte dos católicos, é o “enfraquecimento” da família que “coloca em jogo a humanidade”.
A própria CEE emitiu na semana passada uma nota em que classificava como “radicalmente injusta” e “prejudicial para o bem comum” esta lei. O documento considera que o projecto de legalização dos casamentos homossexuais “desfigura a instituição do matrimónio naquilo que é fundamental, a sua constituição por um homem e uma mulher”.