Vaticano

Bispos norte-americanos fazem balanço de três anos turbulentos

Octávio Carmo
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Representante do Papa deixou palavra de alento à Conferência Episcopal dos EUA

A Conferência Episcopal dos EUA (USCCB) está reunida até ao próximo dia 18 de Novembro para fazer um balanço de “três anos tumultuosos”, como os definiu o presidente cessante do organismo, D. Wilton Gregory. O encontro anual da USCCB fica marcado, desde o seu início, pelas dificuldades levantadas por aquilo que D. Gregory definiu como “o maior escândalo com que a Igreja nos EUA se confrontou, alguma vez”: a crise dos abusos sexuais por parte do pessoal eclesial. “O trabalho de protecção das crianças e adolescentes é de toda a Igreja”, disse o ainda presidente da USCCB, louvando o trabalho efectuado nesta matéria nos últimos tempos. O representante do Papa nos EUA, Núncio D. Gabriel Montalvo, deixou uma palavra de confiança aos prelados, assegurando que o trabalho da USCCB será suficiente para “ultrapassar a crise de confiança” gerada pelos escândalos envolvendo sacerdotes e outro pessoal da Igreja. Para esta assembleia plenária, os Bispos católicos dos EUA foram convidados a elaborar uma consulta alargada, nas suas dioceses, a respeito da aplicação das políticas de prevenção de abusos sexuais de menores, adoptadas em 2002. O presidente do comité “Ad Hoc” para os casos de abusos sexuais, arcebispo Harry J. Flynn, enviou uma carta a todos os bispos pedindo-lhes, ainda, que o assunto seja alvo de discussão nos seus diversos encontros regionais. A USCCB irá começar o debate sobre uma eventual mudança nas políticas de prevenção. A Igreja Católica nos EUA dá mostras de continuar empenhada em recuperar a confiança dos seus fiéis, intensificando em 2004 o combate aos casos de abusos sexuais por parte de pessoal eclesiástico. As auditorias às dioceses e eparquias (rito oriental) dos EUA, de modo a assegurar o pleno cumprimento das políticas de prevenção definidas pela conferência episcopal (USCCB) incluem diversas inovações em relação ao passado. O secretariado dirigido por Horan é responsável por conduzir as auditorias às dioceses e contratou o grupo Gavin, a mesma organização que apresentou dois estudos sobre esta situação, mostrando que mais de 4.000 padres norte-americanos foram considerados culpados de abusos sexuais a menores entre 1950 e 2002. Os estudos do grupo Gavin revelaram ainda que mais de 90% da Igreja Católica nos EUA estava a aplicar a nova política de “tolerância zero” para casos de pedofilia, de modo a proteger as crianças e lidar com casos de abusos sexual de menores, cometidos por parte de membros do clero. Neste ano qualquer queixa sobre falhas neste plano pode ser feita directamente aos membros do grupo Gavin, que entregará os resultados a cada diocese sem esperar que o estudo esteja completo em todo o país, como fizera em 2003. Terra Santa Os Bispos dos EUA consideraram que a morte de Yasser Arafat constitui “um tempo oportuno” para que o governo norte-americano ajude a levar por diante o processo de paz entre Israel e a Palestina. No início da assembleia anual do episcopado, D. John H. Ricard, presidente da comissão para a política internacional, manifestou a solidariedade da USCCB para com o povo palestiniano e pediu ao presidente George W. Bush “uma liderança renovada para levar a paz ao Médio Oriente”. O presidente da conferência episcopal, por seu turno, revelou que os bispos temem que este momento seja perdido “com a violência a aumentar, gerando a ocupação e o desespero que têm frustrado a vida e as esperanças dos israelitas e dos palestinianos”.


Abusos de menores