Vaticano

Cada embrião é uma vida humana inviolável

Octávio Carmo
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Papa recebe no Vaticano participantes do Congresso internacional sobre o estatuto do embrião humano

Bento XVI manifestou-se hoje em favor da defesa da vida humana, desde a sua concepção até à morte natural, ao receber no Vaticano os participantes no Congresso internacional “O embrião humano na fase pré-implantatória. Aspectos científicos e considerações bioéticas”. A iniciativa desenrola-se de 27 a 28 de Fevereiro por ocasião da XII Assembleia Geral da Academia Pontifícia para a Vida (APV). O Papa frisou que, para Deus, não existe diferença entre “o embrião no ventre da sua mãe, a criança, o jovem, o homem maduro e o idoso”, reafirmando a posição da Igreja, para quem “toda a vida humana é sagrada e inviolável, desde a sua concepção até ao seu fim natural”. Em nome desta convicção, a Igreja opõe-se ao aborto, à eutanásia e às manipulações de embriões humanos. “No homem, em todo o homem, em qualquer estádio ou condição da sua vida, resplandece um reflexo da própria realidade de Deus”, disse hoje Bento XVI, alargando este juízo moral até ao início da vida do embrião, “mesmo ainda antes de estar implantado no seio materno, que o guardará e alimentará”. O Papa centrou a sua reflexão sobre o amor “quase incompreensível” de Deus pelo homem, que leva a compreender que “a pessoa humana é digna de ser amada em si mesma, independentemente de qualquer outra consideração”. “A vida humana é sempre um bem”, precisou. Bento XVI mostrou-se consciente da discussão existente, na comunidade científica na área da bioética, assegurando que “para lá dos limites do método experimental, aí onde não basta ou não é possível a percepção sensorial nem a verificação científica, inicia-se a aventura da transcendência, o compromisso de proceder de outra maneira”. Aos participantes do congresso da APV, o Papa declarou que a questão do estatuto do embrião “é uma questão extremamente importante nos nossos dias, seja pelas evidentes repercussões na reflexão filosofico-antropológica e ética, seja pelas perspectivas de aplicação no âmbito das ciências biomédicas e jurídicas”. Supressão da vida O presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, Cardeal Javier Lozano Barragán, deu início ao Congresso Internacional, defendendo que “o tratamento dos embriões para fins científicos é uma outra forma de supressão da vida”. Para este responsável da Cúria Romana, é fundamental que o embrião não seja tratado como mero “material para experiências” ou como objecto de “manipulações”, no âmbito da engenharia genética, evitando proceder “sem nenhum respeito pela vida enquanto tal”. O Cardeal Barragán manifestou-se contra o uso de contraceptivos, a esterilização, a legitimação do aborto e ainda conta o primado do “filho único”, como sinais da “cultura de morte”, em voga na sociedade actual. Assim, deixa aos fiéis o desafio de afirmar uma “qualidade de vida” que, no campo da engenharia genética, tenha como “fim” o “respeito pela vida humana e divina de cada pessoa”. O Pe. Jean Laffitte, vice-presidente da APV, defendeu, por seu lado, uma profunda reflexão sobre a natureza do embrião para “lhe oferecer um estatuto jurídico”. “Não podemos dispor da vida humana como dispomos de uma matéria química ou biológica”, precisou. Este especialista, nomeado em Janeiro por Bento XVI, manifestou-se contra a situação dos embriões congelados, “que vivem num estado absolutamente indigno para uma pessoa humana”. “Aquilo que a Igreja pode fazer é, antes de mais, promover uma cultura de respeito pela vida humana, que impeça a criação deste género de situação absurda”, referiu. A Academia Pontifícia para a Vida foi instituída por João Paulo II em 11 de Fevereiro de 1994, com o Motu Proprio “Vitae Mysterium”. Tem como objectivo o estudo, a informação e a formação sobre os principais problemas de bioética e de direito, relativos à promoção e defesa da vida, sobretudo na relação directa que estes têm com a moral cristã e com as directivas do magistério da Igreja Católica.


Eutanásia/Bioética