Vaticano

Cardeais da nova evangelização

Paulo Rocha
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Patriarca evoca poeta português

Os cinco Cardeais promotores do Congresso Internacional da Nova Evangelização (ICNE), bispos das dioceses de Bruxelas, Budapeste, Lisboa, Paris e Viena, responderam a algumas das questões que os 3200 congressistas que participam na etapa de Paris (Paris Toussain 2004) quiseram colocar. Foi possível também formular questões aos Cardeais Dannels, Erdö, Policarpo, Lustiger e Schönborn através da internet, que a organização do Congresso que decorre na cidade de Paris de 23 de Outubro a 1 de Novembro sintetizou em cinco temas: Dannels deixou propostas para a evangelização na cidade de hoje; Erdö abordou a importância do perdão na missão evangelizadora; Policarpo enquadrou a hierarquia na missão; Lustiger diferenciou o lugar de novos e velhos na Igreja e pediu compromissos à juventude para essa nova evangelização; Schönborn dirigiu-se também à juventude, mas sobretudo à família, mesmo aquelas que vivem divisões, sugerindo a fraternidade cristã como a que pode colmatar fracturas nas células familiares de hoje. Evangelização enquanto um dever de todos os baptizados e o seu enquadramento na missão de um povo foi o tema que D. José Policarpo abordou ao responder à questão que, como a todos os cardeais, foi formulada por um diácono da Diocese de Paris. Para a resposta, o Cardeal Patriarca citou, de forma livre, um poeta português afirmando que, quando se parte em missão, quando se adere à fé em Jesus Cristo anunciando-O por consequência, nunca se faz em nome pessoal, antes em nome de um povo. “Aqui, sou mais do que eu mesmo. Represento um povo”. D. José recordava o “Mar Português” de Fernando Pessoa: “Somos um povo que quer um mar que é teu e mais que o mostrengo que a minha alma tema e roda nas trevas do fim do mundo manda a vontade que me ata ao leme de El Rei D. João II (Fernando Pessoa, Mar Português, IV Parte) Mas a intervenção de D. José Policarpo havia de ficar marcada pela ousadia de um jovem, que diz pertencer a um movimento chamado de “Juventude Católica de França”: enquanto recordava Fernando Pessoa, este jovem de 22 anos entregava aos cinco cardeais um fotocópia com memórias de presença de ortodoxos e hindus no Santuário de Fátima, apelidando de heréticos os gestos de acolhimento que o santuário procura fazer a quem o visita. Retirado da Catedral de Notre-Dama, local onde decorreu esta conversa dos congressistas do Paris Toussain 2004 com os cinco cardeais, o jovem (quer pertence, claramente, a movimentos fundamentalistas que, nos últimos anos, têm tentado “assaltar” Fátima) mereceu o comentário de D. José Policarpo: “Respeitamos o seu gesto, mas pedimos também que nos respeitem a nós”.


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