Vaticano

Cardeais eleitores em Conclave

Octávio Carmo
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Entrada na Capela Sixtina

Os 115 Cardeais eleitores encontram-se já na a Capela Sixtina entoando o canto Veni Creator, para pedir a assistência do Espírito Santo. Após terem vindo em procissão solene, ao som das ladainhas, desde a Sala das Bênçãos do Palácio Apostólico, os Cardeais distribuíram-se pelas 12 mesas, seis de cada lado. Na sala está um Evangelho sobre o qual os Cardeais prestarão juramento, além das mesas com as urnas onde serão recolhidos os votos e a salamandra em que serão queimados todos os votos e escritos referente à eleição. A salamandra onde são queimados os boletins foi utilizada pela primeira vez em 1939, no Conclave que elegeu Pio XII. A mistura com determinados químicos provoca a conhecida “fumataâ€, preta ou branca conforme o resultado obtido. A entrada de 115 Cardeais para o Conclave que, a partir de hoje à tarde, elegerá o sucessor do Papa João Paulo II está a ser seguida pelas câmaras de televisão. O Centro Televisivo do Vaticano (CTV), a Rádio Vaticana, o L’Osservatore Romano, os fotógrafos e o Serviço de Imprensa da Santa Sé serão os únicos a poder assistir e registar a procissão de entrada, às 16h30 (15h30 de Lisboa). A Capela Sixtina foi objecto de apurados controlos para averiguar da eventual presença de meios audiovisuais destinados a espiar do exterior o que acontecer no processo de eleição. Os Cardeais eleitores prestam, em primeiro lugar, o juramento de segredo sobre tudo o que diz respeito à eleição do Papa e comprometem-se a desempenhar fielmente o munus Petrinum de Pastor da Igreja universal em caso de eleição. Terminado o juramento, todas as pessoas estranhas à eleição saem após a ordem Extra Omnes (todos fora). Permanecem apenas o mestre das celebrações litúrgicas e o eclesiástico escolhido para a segunda meditação, neste caso o Cardeal jesuíta Tomas Spidlik (Cardeal não-eleitor, por ter excedido os 80 anos de idade). Estes momentos de reflexão estão previstos na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis (UDG, n. 13) e são outra das novidades da Sé Vacante, introduzidas por João Paulo II: a última meditação diz respeito à escolha “iluminada†do novo Pontífice. Após a meditação saem da Capela o mestre das celebrações litúrgicas e o Cardeal Spidlik. Os Cardeais eleitores encontram-se a sós, na Capela Sixtina, com os seus pares. Todos os meios de comunicação com o exterior são proibidos. Nesta altura, o Cardeal Decano verifica se não há obstáculos e decide-se se terá ou não lugar a primeira votação. Os Conclaves do século XX tiveram uma duração sempre inferior a cinco dias e 14 votações. Pela primeira vez na história da Igreja está prevista apenas uma modalidade de votação, per scrutinio, abolindo modos de eleição anteriormente existentes (por inspiração e por compromisso). Para a eleição é requerida uma maioria de dois terços (neste caso, 77 votos). Se o Papa não for eleito, têm lugar duas eleições de manhã e outra duas de tarde. Se após três dias não houver consenso, há um dia de interrupção para oração, colóquio entre os eleitores e reflexão espiritual. Prossegue-se, depois, para outros sete escrutínios antes de outra pausa e assim sucessivamente. Se as votações não tiverem êxito, após um período máximo de 9 dias de escrutínios e “pausas de oração e livre colóquioâ€, os Cardeais eleitores serão convidados pelo Camerlengo a darem a sua opinião sobre o modo de proceder. O documento de João Paulo II abre a hipótese de a eleição ser feita “ou com a maioria absoluta dos sufrágios ou votando somente os dois nomes que, no escrutínio imediatamente anterior, obtiveram a maior parte dos votos, exigindo-se, também nesta segunda hipótese, somente a maioria absoluta.â€


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