Vaticano

Cardeais passam em revista Pontificado de João Paulo II

Octávio Carmo
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Começou ontem o Simpósio sobre alguns dos elementos fundamentais do ensinamento do Papa

As comemorações dos 25 anos de Pontificado de João Paulo II revelam-se uma oportunidade única para que os cardeais, juntamente com presidentes das conferências episcopais e patriarcas de todo o Mundo, possam reflectir sobre o labor do actual Papa e sobre os temas de maior importância para a Igreja de hoje. Desde ontem e até ao próximo sábado as maiores figuras da Igreja estarão em Roma para o debate sobre os temas: "O ministério petrino e a comunhão no episcopado" (cardeal Bernardin Gantin); "Os sacerdotes, a vida consagrada e as vocações" (cardeal Jean-Marie Lustiger); "A família" (cardeal Alfonso Trujillo); "Ecumenismo (cardeal Nasrallah Sfeir); "As missões" (cardeal Ivan Dias); e "Vinte e cinco anos de pontificado ao serviço da paz" (cardeal Angelo Sodano). Após lhes ter apresentado hoje a exortação pós-sinodal “Pastrores Gregis”, o Papa voltará a intervir na última sessão do simpósio. João Paulo II receberá dos cardeais, depois de amanhã, uma mensagem, convidando-o para o almoço. Para o decano do colégio cardinalício, Joseph Ratzinger, mais do que uma biblioteca de documentos, encíclicas ou cartas apostólicas, o Pontificado de João Paulo II é sobretudo uma “grande graça” numa época cheia de confusões e perigos. Houve também o cuidado de lembrar que “a nossa gratidão não se refere apenas ao passado, o Pontificado ainda não acabou”. Esta resenha dos 25 anos de Pontificado começou com as intervenções dos Cardeais Bernardin Gantin (decano emérito e durante muitos anos prefeito da Congregação para os Bispos) e Jean-Marie Lustiger (arcebispo de Paris), chamados a avaliar dois importantes capítulos do seu ensinamento: a colegialidade episcopal e a vida consagrada. “O Papa sempre acreditou e promoveu a colegialidade, todos os bispos sabem disso. As assembleias sinodais que decorreram em Roma nestes anos e a descentralização da Cúria Romana são prova disso”, defendeu D. Gantin. Para este orador, os bispos sempre se encontraram diante de um homem que os compreendia e conhecia “uma amigo que nos conforta”. O cardeal Lustiger, que falou da atenção à vida consagrada, aos sacerdotes e às vocações por parte deste Papa, lembrou que já em 1971 Wojtyla manifestava a sua preocupação pela “desclericalização” na Igreja. “Como tinha pedido o Concílio Vaticano II, fomos sempre convidados neste Pontificado para perceber o mistério central de onde nasce a nossa vocação. Por isso, João Paulo II pede a cada fiel que julgue não segundo o mundo, mas segundo o espírito de Deus”. A insistência na vocação universal à santidade e ao sacerdócio comum, foram outros pontos em destaque nesta intervenção.


João Paulo II - 25 Anos