O Cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, descartou ontem os cenários que dão conta de uma eventual renúncia de João Paulo II ao seu cargo, indicando que o Papa leva a cabo a sua missão através do sofrimento, “que também é parte da vida e da mensagem cristã”.
Falando à Rai Uno, o Cardeal alemão disse que a missão do Papa “é estar sobre a cruz” e que isso não se altera nos momentos “de sofrimento físico”.
“O sofrimento do Pontífice é mais uma mensagem”, sublinhou uma das vozes mais respeitadas da Cúria Romana.
“O Papa fala com o sofrimento e dá-nos a entender que há no sofrimento valores positivos”, acrescentou.
A renúncia de um Papa está prevista, actualmente, no Código de Direito Canónico (cân. 332, parágrafo 2), sob condições muito estritas: “se acontecer que o Romano Pontífice renuncie ao cargo, para a validade requer-se que a renúncia seja feita livremente, e devidamente manifestada, mas não que seja aceite por alguém”. Esta hipótese, contudo, não parece fazer parte dos planos de João Paulo II, que sempre assegurou querer levar a sua missão “até ao fim”.
Já ao longo da semana passada, o Papa deu mostras de recomeçar a trabalhar no governo da Igreja desde o seu quarto de hospital, recebendo colaboradores, enviando mensagens e procedendo a nomeações episcopais.