Vaticano

Cardeal Saraiva Martins afirma necessidade de repensar participação de divorciados nos Sacramentos

Paulo Rocha
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Se uma pessoa é inocente, porque podem ser negados os Sacramentos?

“Se uma pessoa é inocente, porque podem ser negados os Sacramentos?” A interrogação é do Cardeal Saraiva Martins. Sem afirmar significativas mudanças no pensamento moral da Igreja quando em causa estiver a vida humana, o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos afirmou em declarações à Agência ECCLESIA "a particular sensibilidade" de certos campos da moral. O caso do divórcio é um deles. "Às vezes é ele ou ela o culpado. Até que ponto é justo que sejam negados os sacramentos à pessoa inocente? É um ponto em que é preciso reflectir e meditar", disse o Cardeal português. Porque a legislação actual nega os sacramentos aos divorciados, D. José Saraiva Martins afirma a necessidade de mudar os princípios morais da Igreja neste caso. "Estou certo que a Igreja procurará resolver esses problemas, na fidelidade ao princípio da indissolubilidade do matrimónio", disse. D. José Saraiva Martins espera que a Igreja admita esta necessidade, consciente da sua missão maternal e contextualizada no mundo de hoje. Em fidelidade ao Evangelho e olhando a família como "célula fundamental da Igreja e da sociedade", admite a indispensável reflexão acerca da participação que os divorciados têm tido nas comunidades e nos sacramentos. Com prudência e estudo aturado dos problemas "a Igreja continuará na sua atitude de absoluta fidelidade ao Evangelho, mas tendo em conta também a situação concreta das pessoas e a evolução da sociedade, porque o Evangelho tem que ser vivido no contexto actual", recorda. Este assunto surge particularmente actual nestes dias, depois de a imprensa italiana ter avançado que o então Cardeal Ratzinger estaria a preparar alguns documentos, um dos quais precisamente sobre esta problemática. A novidade desse documento seria a possibilidade de participação sacramental do membro do casal divorciado que estivesse ausente de culpa no divórcio. Canonizações portuguesas D. Saraiva Martins, natural de Gagos do Jarmelo, na Diocese de Guarda, é Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, onde estão 32 processos de canonização de portugueses a decorrer. Um deles, e o mais adiantado, é o do Pe. Américo, Fundador das Casas do Gaiato, cuja “positio” (conjunto de documentos que testemunha as virtudes heróicas) já foi entregue na Congregação. Sobre o processo de canonização de João Paulo II, o Cardeal Saraiva Martins diz que o problema “não é actual”. É necessário que passem cinco anos após a morte e só depois se poderá iniciar o processe de canonização, a não ser que o Papa determine o contrario. No entanto, refere o Prefeito da Congregação para as Causa dos Santos, o processo tem sempre de decorrer “segundo as normas canónicas”.


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