Vaticano

Cáritas não abandona vítimas do tsunami

Agência Zenit
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Quase um ano depois da tragédia que provocou centenas de milhares de mortos, feridos e desalojados no sudeste asiático, a Confederação Internacional da Cáritas continua no terreno a apoiar as vítimas do tsunami. Mais de 60 dirigentes de organizações da Cáritas de todo o mundo estiveram no mês passado em Roma para rever as iniciativas de assistência da “Caritas Internationalis” na Índia, Indonésia, Sri Lanka e Tailândia - os quatro países mais afectados - e fazer avançar os planos de reconstrução e reabilitação a longo prazo, um aspecto cuja importância constataram. Muitos participantes da sessão afirmaram à agência Zenit que a diferença de ajuda entre as organizações «seculares» e a de grupos católicos radica nos esforços contínuos destes últimos, depois da primeira onda de assistência de emergência. «Não dizemos que estamos a reconstruir refúgios ou casas, mas que estamos a reconstruir casas», confirmou à Zenit o padre Varghese Mattamana, subdirector executivo da Cáritas Índia. O Bispo Joseph Prathan Sindarunsil, da diocese tailandesa de Surat Thani, descreveu que «actualmente reina uma atmosfera de confiança, o que traz uma sensação de bem-estar, independentemente dos meios materiais disponíveis para as pessoas». A Caritas Internationalis reuniu 450 milhões de dólares para a sua acção de seguimento «Capacity Program» após o «tsunami». Além da distribuição destes fundos por ajuda material entre as nações, o organismo católico enfatizou a implementação de projectos de assistência psicológica para fazer frente aos efeitos do stress pós-traumático nas zonas açoitadas pelo fenómeno natural. «É uma concepção integral de casas, meios de subsistência, assistência psíquica e social, educação, organização das pessoas e sustentabilidade a longo prazo», acrescentou o padre Mattamana. Por sua parte, o bispo Joseph Prathan Sridarunsil afirmou que a aproximação pacífica, mas prática, da Igreja católica também abriu as portas ao diálogo nestes países multiconfessionais. «Quando enviamos as nossas equipas móveis de apoio, não se trata de uma questão de quantidade - de dinheiro ou de um número de casas -, mas é mais importante o facto de sermos um sinal do amor de Deus para as pessoas», explicou. «Algumas denominações tentaram criar problemas com acusações de proselitismo, mas nós simplesmente tentamos gerar o diálogo através das nossas acções», afirmou o bispo tailandês. O trabalho da Cáritas Tailândia, desde o ponto de vista do diálogo, deu vida a um serviço de oração inter-confessional, agora subsidiado pelo governo, por ocasião do aniversário do tsunami. Resultados e desafios Trabalhando estreitamente com as organizações comunitárias e governos locais, a rede da Cáritas registou importantes êxitos nos últimos meses, respondendo às necessidades da população e ajudando as comunidades a retomar as suas vidas. «Cáritas Sri Lanka» (SEDEC) recebeu recentemente um prémio do presidente do país, que reconhece os seus esforços na construção de casas mais resistentes. Construíram-se 7.000 casas provisórias, estando planeada a construção de outras permanentes. Na Índia, procede-se também à construção de casas. De acordo com a Cáritas Índia, até ao momento foram construídas 3.000 casas provisórias. Na Indonésia, mais de 73.000 pessoas beneficiaram da construção de sistemas de provisão de água e saneamento, enquanto 193.000 pessoas receberam assistência nas clínicas e hospitais reconstruídos e equipados pelos programas da Cáritas. Entre os maiores desafios que a Cáritas enfrenta neste período destacam-se «a gestão da reconstrução em grande escala, as negociações sobre a disponibilidade e propriedade legal de terrenos, e garantir que comunidades inteiras beneficiem do processo de reabilitação pós-tsunami». A Cáritas Internationalis (www.caritas.org) é uma confederação de 162 organizações católicas de assistência, desenvolvimento e serviços sociais, com presença em mais de 200 países e territórios, entre os quais Portugal.


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