Uma carta desconhecida de João Paulo II endereçada a Mehmet Ali Agca, o turco que o tentou assassinar a 13 de maio de 1981, encontra-se nos arquivos privados do Papa polaco. A revelação foi feita hoje pelo seu antigo secretário pessoal, D. Stanislaw Dziwisz.
“O Santo Padre escreveu essa carta a Ali Agca, mas nunca a enviou”, disse o Arcebispo de Cracóvia à agência PAP, acrescentando que a missiva “nunca foi enviada nem mostrada a ninguém”.
Em Junho passado, o Arcebispo Stanislaw Dziwisz revelara que os documentos pessoais do falecido Papa João Paulo II poderão ser divulgados, apesar de estar determinado no seu testamento que os mesmos fossem queimados. O secretário pessoal de João Paulo II ao longo de quatro décadas considera que esses escritos “são demaisiado preciosos para serem destruídos”.
No seu testamento, o Papa Wojtyla escreveu: “não deixo atrás de mim nenhuma propriedade da qual seja necessário dispor. Quanto às coisas de uso quotidiano de que me sirvo, peço que sejam distribuídas como parecer oportuno. As notas pessoais sejam queimadas. Peço que dom Stanislaw, a quem agradeço pela colaboração e pela ajuda tão prolongada ao longo dos anos e tão compreensiva, vele por isto”.
O novo Arcebispo de Cracóvia, contudo, considera que estas anotações devem ser tornadas públicas gradualmente, pois são um verdadeiro tesouro cuja riqueza tem de “ser salva e preservada para a posteridade”. “Nada se presta a ser queimado, é uma grande herança, uma grande riqueza, grandes textos que se revestem de uma carácter muito diverso”, declarou.
O prelado indicou que os textos poderão ser úteis para o processo de beatificação de João Paulo II, cuja abertura decorreu a 28 de Junho na Basílica de São João de Latrão, em Roma.
O Papa polaco fez saber desde logo que perdoava ao autor dos tiros e encontrou-se com Ali Agca, na prisão, a 27 de Dezembro de 1983.
