Jornadas sobre as crianças institucionalizadas decorrem em Fátima
Esta tarde em Fátima, durante as Jornadas sobre as Crianças Institucionalizadas, que decorrem hoje e amanhã de manhã no Centro Pastoral Paulo VI, Catalina Pestana, provedora da Casa Pia de Lisboa, lançou um desafio “aos cristãos e a todos os homens de boa vontade”: acolherem em seus lares as crianças carenciadas.
“É um desafio que os cristãos têm que desencadear. Não podemos ficar braços cruzados a assistir às notícias dos jornais, que já tornaram quase diário a morte de crianças (…) e 80% dos abusos acontecem no contexto familiar. E não há casais cristãos capazes de receber um? Não têm que distribuir os bens e não têm que repartir a atenção por 20 ou 25 crianças! (…) É preciso ousar lutar, é preciso ousar vencer”, afirmou no momento de debate da conferência “A criança sob o olhar de Deus no cenário da vida”.
A pergunta “Ninguém espera por mim?”, questão dramática levantada pelas crianças da qual transparece a falta de afectos e de cuidados, deve ser respondida por toda a sociedade. “Há a necessidade que alguém responda à pergunta. Os educadores, os funcionários, toda a instituição e a própria sociedade hão-de ser a resposta para esta questão dramática”, referiu o Pe. Jorge Guarda, vigário-geral da Diocese de Leiria-Fátima, na apresentação da conferência “A criança sob o olhar de Deus no cenário da vida”, moderada pelo Pe. Virgílio do Rocio, presidente das Uniões Distritais das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Leiria.
O Pe. Jorge Guarda recordou o exemplo da Irmã Lúcia, também ela recebida, aos catorze anos, no Asilo de Vilar/Porto, das Irmãs Doroteias, instituição que mais tarde a religiosa haveria de recordar pelo bom ambiente e educação. Levada para o Porto, e depois para Espanha, a Irmã Lúcia viveu o drama da separação da família mas entregou-se à protecção de Nossa Senhora.
Acerca do cenário actual da vida, o Pe. Jorge Guarda observou que “vivemos num mundo que lhes dá muito valor (às crianças) e, ao mesmo tempo, as trata muito mal. As crianças acolhidas em instituições estão marcadas por uma história que viveram, apresentam feridas e carências que reclamam particular atenção e cuidados, para as fazer sarar e preencher, em ordem a um desenvolvimento, tanto quanto possível normal”.
O vigário-geral da Diocese referiu que os Videntes de Fátima foram escolhidos por Deus para serem protagonistas de um acontecimento muito importante - a aparição de Nossa Senhora -, que lhes trouxe consequências a elas próprias, para o país e para a humanidade.
“Tal como Deus, assim nós devemos assumir a defesa dos mais frágeis: ‘Sê para os órfãos como um pai, e como um marido para as suas mães; e serás como um filho do Altíssimo, que te quererá mais do que a tua própria mãe’ (Sir 4, 10), afirmou o sacerdote que concluiu que “a contemplação do olhar de Deus sobre a criança institucionalizada há-de levar a um compromisso de amor em favor da criança”, disse ainda.
Ainda esta tarde tem lugar a conferência do Pe. Virgílio Mota, intitulada “O educador como sentinela – acolher integrar e promover”, moderada pela Irmã Rufina Ferreira, membro da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em risco – Ourém e directora da Casa de S. Miguel, do Santuário de Fátima.
Pelas 18h30 é celebrada a Eucaristia na Basílica do Santuário presidida pelo vigário-geral da Diocese.
O programa das jornadas inclui, para esta noite, a actuação do Coral Infantil e Juvenil de Ourém, seguida da apresentação de uma coreografia pelo Grupo da Dança, ambos da Academia de Música Banda de Ourém. As entradas para este espectáculo, que se inicia às 21h30, no anfiteatro do Centro Pastoral Paulo VI, são livres.
Programa para amanhã
"Por ti, ficaremos nós…"
09h45 - Momento de Oração
Moderador: Conceição Lopes
10h00 - «Preconceitos sociais e lógicas defensivas das crianças»
Adelino Antunes
Moderador: Armando Leandro
10h45 - Intervalo
11h15 - «Educar para um projecto de vida feliz»
Catalina Pestana
12h00 - Debate
12h45 - Encerramento