Os catequistas devem ser “agentes de reconciliação” entre os numerosos grupos étnicos do país, defende o Padre Jean Makaya. Numa altura em que se reiniciou a guerra civil no país, a Igreja local está a contribuir para o processo de desarmamento, desmobilização e reinserção dos militares desmobilizados, informa a Agência Ecclesia.
Na República Democrática do Congo a violência volta a martirizar a população, principalmente na região de Ituri. Os combates entre as milícias rivais da União Patriótica Congolesa, cujos combatentes são predominantemente de etnia Hema, e a denominada Frente dos Nacionalistas Integracionistas, de etnia Lendu, provocaram a destruição de cerca de 70 aldeias em Ituri e a fuga de dezenas de milhar de refugiados.
Segundo o Unicef, na primeira semana de fevereiro, cerca de 50 mil pessoas deixaram as suas casas. Na segunda semana, mais 35 mil fizeram o mesmo.
Este conflito armado no nordeste do Congo é uma das mais violentos desde a Segunda Guerra Mundial. Em quase seis anos de conflito, cerca de 3,8 milhões de pessoas já foram mortas, sendo a maioria civis e crianças.
Em Kinshasa, está a decorrer um encontro para discutir de que forma a Igreja irá contribuir para o programa de desarmamento, desmobilização e reinserção social dos militares que foram desmobilizados após o acordo de paz, firmado em 2003 entre grupos rebeldes e o Governo. A Conferência Episcopal e a Caritas do Congo organizaram este encontro para analisar a situação dos ex-combatentes, de forma a traçar o plano de acção da Igreja na mediação dos conflitos e na promoção da reconciliação.
Em entrevista recente à Ajuda à Igreja que Sofre, o director do Instituto Superior de Ciências Religiosas de Kinshasa, o Pe. Jean Makaya, defendeu a necessidade de formar catequistas leigos que possam actuar como “agentes de reconciliação” entre os grupos étnicos.
“Somos todos filhos de Deus. Temos que trabalhar pela paz e pelo perdão”, reiterou o sacerdote que vê os catequistas como “o pilar da Igreja em África”. Para que possam desempenhar esta nobre missão, os catequistas necessitam de uma formação sólida. “Muitas pessoas falam de Jesus Cristo, mas não compreendem quem Ele é. Nós devemos, portanto, mostrar-lhes o verdadeiro Cristo”, afirmou o Pe. Jean Makaya.
À Ajuda à Igreja que Sofre o sacerdote congolês pediu livros de formação e bolsas de estudo. “Digo sempre aos meus estudantes que uma bolsa não é um direito, mas uma oferta que têm de ganhar”, concluiu.