Um sacerdote do Uzbequistão, que quis manter o anonimato, enviou à Ajuda à Igreja que Sofre uma mensagem desesperada: “Esta foi uma semana negra... rezem por nós e pela paz no nosso país”.
Este padre franciscano, que há pouco tempo foi ameaçado de expulsão do país pelas autoridades locais, está a tentar construir uma igreja numa cidade com cerca de 150 mil habitantes, mas as autoridades estão empenhadas em dificultar a vida daquela comunidade católica.
Os católicos do Uzbequistão temem que esteja em risco o futuro da Igreja Católica nesta antiga república soviética onde, por mais de 50 anos, não era tolerada a presença de padres católicos. Teme-se agora que a resposta dos familiares das vítimas (na sua maioria muçulmanos) venha destabilizar ainda mais a região.
Existem versões contraditórias sobre o que terá acontecido em Andijan na semana passada. O Governo afirma que rebeldes islamitas tentaram assaltar o tribunal onde estava a decorrer o julgamento de 23 empresários muçulmanos ligados a um grupo islâmico e que quando o exército tentou controlar a situação se terá desencadeado o tiroteio. Os populares, por seu lado, dizem que houve uma revolta popular por estarem a ser julgados empresários que se dedicam a actividades de caridade e também em protesto pelas condições de vida na região.
Estes acontecimentos tiveram lugar numa altura em que os católicos uzbeques celebravam a ordenação em Roma do Bispo Jerzy Maculewicz e existem receios de que o clima de violência venha prejudicar o renascimento da Igreja no Uzbequistão. Neville Kyrke-Smith, do secretariado britânico da Ajuda à Igreja que Sofre refere: “Visitei no ano passado todas as paróquias no Uzbequistão e era evidente o ressurgimento da Igreja após longos anos de repressão soviética (...) Esperemos agora que a Igreja não seja esmagada”.
Nos últimos anos, o Governo do Uzbequistão tem tomado medidas fortemente restritivas à actividade religiosa (como a proibição do trabalho missionário e a educação religiosa), alegadamente para deter a ameaça do extremismo islâmico.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico declarou recentemente que o Governo uzbeque tem utilizado “o pretexto do fundamentalismo islâmico para a repressão” e restrição à liberdade religiosa. Responsáveis norte-americanos incluíram recentemente o Uzbequistão na lista de países de “particular preocupação” em matéria de liberdade religiosa.
Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre