Vaticano

CEAST acusa padres de Cabinda de recusarem celebrar missas

Agência Ecclesia
...

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) acusou ontem os padres da diocese de Cabinda de serem os únicos responsáveis pela suspensão da celebração da Eucaristia nas paróquias daquele território do norte de Angola. “A decisão dos padres de suspenderem as missas paroquiais, que tanto escândalo e prejuízo está a causar na vida dos fiéis, é da exclusiva responsabilidade desses padresâ€, refere um comunicado divulgado em Luanda, no final de uma reunião dos Bispos católicos de Angola. Neste comunicado, a CEAST salienta que os padres da diocese de Cabinda foram “repetidas vezes convidados pela autoridade competente a retomar o exercício do ministério para o qual receberam o sacerdócioâ€. No comunicado ontem divulgado, a CEAST afirma estar a seguir com “mágoa e apreensão†a situação naquele enclave do norte de Angola, mas reafirma que a reabertura da igreja da Imaculada Conceição só terá lugar “quando cessarem os motivos pelos quais o culto foi suspenso e se realizarem os devidos actos de reparaçãoâ€. A paróquia da Imaculada Conceição foi encerrada em finais de Julho na sequência das agressões de que ali foi alvo D. Eugénio del Corso, administrador apostólico de Cabinda. Na altura, o Núncio Apostólico em Angola, D. Angelo Beccio, afirmou que, “dada a acção tão grave, injuriosa e escandalosa que aconteceu num lugar sagrado, não é mais lícito exercer o culto na igreja paroquial da Imaculada Conceiçãoâ€. A agressão a D. Eugénio del Corso, assim como a suspensão pelos padres da celebração de missas na diocese, está relacionada com o movimento de contestação contra a nomeação de D. Filomeno Vieira Dias para Bispo de Cabinda. Relativamente a esta questão, a CEAST recordou ontem que a escolha do novo bispo daquela diocese “foi da exclusiva responsabilidade do Santo Padreâ€. “É falsa e injuriosa a informação ou insinuação de que a Igreja teria cedido a pressões na designação do novo Bispo de Cabindaâ€, acrescenta o comunicado da Conferência Episcopal. O Papa João Paulo II nomeou, a 11 de Fevereiro, D. Filomeno Vieira Dias, então Bispo Auxiliar de Luanda, para o cargo de Bispo de Cabinda, em substituição de D. Paulino Madeca, que resignou por ter atingido o limite de idade. Esta nomeação gerou fortes protestos entre alguns dos fiéis católicos locais, que reclamam a nomeação de um bispo natural do enclave, e um grupo de sacerdotes subscreveu um documento manifestando preocupação pela nomeação de um bispo que não é natural de Cabinda. Na sequência desta contestação, a tomada de posse de D. Filomeno Vieira Dias como Bispo de Cabinda ainda não tem data marcada. Comunicado Final da Reunião Extraordinária da CEAST Os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé, na sua solicitude colegial pela situação da Diocese de Cabinda, houveram por bem realizar uma reunião extraordinária para encontrar caminhos de solução e, a propósito, resolveram esclarecer alguns pontos atinentes, repondo a verdade dos acontecimentos. 1- A situação da Diocese de Cabinda É com mágoa e apreensão que seguimos quanto está a ocorrer na Igreja de Cabinda. a) A CEAST lamenta que certos órgãos da imprensa nacional e internacional se prestem a difundir notícias infundadas e muitas vezes visivelmente erradas sobre o assunto em questão. b) A decisão dos padres de suspenderem as missas paroquiais, que tanto escândalo e prejuízo está a causar na vida dos fiéis, é da exclusiva responsabilidade dos mesmos padres. Repetidas vezes foram convidados pela autoridade competente a retomar o exercício do ministério para o qual receberam o sacerdócio. c) A reabertura da igreja da Imaculada Conceição ocorrerá quando cessarem os motivos pelos quais o culto foi nela suspenso e se realizarem os devidos actos de reparação. d) A eleição do novo Bispo de Cabinda, como a de qualquer outro Bispo, foi da exclusiva decisão e responsabilidade do Santo Padre, consequentemente é falsa e injuriosa a informação ou insinuação de que a Igreja teria cedido a pressões na designação do novo Bispo de Cabinda. e) É completamente desprovida de fundamento canónico a informação segundo a qual um bispo que não tome posse dentro do período normalmente estabelecido, tenha caducada a sua nomeação episcopal. O prazo canonicamente estabelecido pode ser dispensado ou alterado pelo Santo Padre, o que aconteceu. f) Em nenhuma circunstância o Senhor Núncio Apostólico se deslocou a Cabinda acompanhado de um forte dispositivo de segurança. g) Declaramos que é inverídica e tendenciosa a notícia posta a circular de que o Núncio Apostólico teria sido exonerado do seu cargo. h) Esclarecemos que o padre João de Brito Monteiro Mayamba, pároco de Necuto, não foi suspenso do exercício do ministério sacerdotal, mas apenas interdito de pregar fora da sua paróquia. i) Não corresponde à verdade que todos os padres estejam proibidos de sair de Angola. Segundo nos consta, somente estão abrangidos por esta medida judiciária quem tenha problemas com a justiça. j) Os Bispos da CEAST renovam a sua total solidariedade para com o Senhor Dom Eugénio Dal Corso, Administrador Apostólico de Cabinda. k) Finalmente, convidamos todo Povo de Deus a elevar preces connosco ao Pai celeste para que ilumine as mentes, mova os corações e reconstitua a comunhão eclesial nesta porção da Igreja de Deus da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé. 2- Celebração dos 30 anos da independência Foi também objecto de reflexão dos Bispos a celebração do próximo 30º Aniversário da Independência de Angola. Ficou estabelecido que haverá um Acto Nacional Celebrativo com a presença de todos Bispos dia 13 de Novembro, em Mbanza Congo, que foi a sede da primeira Diocese de Angola. A nível diocesano cada Bispo programará a respectiva celebração Que a Virgem Santa Maria, Mãe de Angola e Rainha das missões interceda por nós e nos alcance as graças que imploramos. Luanda, 10 de Outubro de 2005 Os Bispos de Angola


Angola