Vaticano

China prende dois padres fiéis ao Vaticano

Octávio Carmo
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O clima de tensão entre o Vaticano e a China, criado após a designação do Bispo de Hong Kong como novo Cardeal da Igreja Católica, deverá adensar-se após a prisão de dois padres da chamada Igreja “clandestina”, fiel ao Papa e a Roma. Segundo a Fundação Cardeal Küng, sediada nos EUA, os padres Lu Genjun, de 44 anos, e Guo Yanli, de 39, foram presos na semana passada, quando esperavam um amigo na estação ferroviária de Baoding, na província de Hebei (Norte). Esta é a localidade onde se concentra um maior número de fiéis da Igreja Católica e onde esta tem registado um aumento mais significativo, pela que a perseguição do governo chinês tem sido particularmente dura. Os dois padres católicos terão sido enviados para um centro de detenção, na mesma província onde está preso o Bispo Jia Zinghuo, que já passou mais de 20 anos da sua vida nas cadeias chinesas. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis, que são obrigados a celebrar missas em segredo, nas suas casas, sob o risco de serem presos. Nos últimos meses, a APC lançou uma violenta campanha, destinada a evitar qualquer aproximação entre Pequim e o Vaticano. Vários contactos informais têm sido desenvolvidos desde que Bento XVI sucedeu a João Paulo II, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas com a China uma das suas prioridades, algo que a APC vê como um perigo para a organização. Esta situação tenderá a piorar com a escolha do Bispo de Hong Kong, D. Joseph Zen, como um dos novos Cardeais da Igreja Católica. O prelado é um dos homens mais destacados na luta pelos direitos humanos e pela liberdade em Hong Kong. O governo chinês já aconselhou D. Joseph Zen, a evitar discutir e levantar questões políticas.


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