Cinema: «A Cada Dia» Margarida AtaÃde 17 de Fevereiro de 2009, às 10:47 ... Quatro anos depois do intenso e dramático Vera Drake, o realizador inglês Mike Leigh está de volta com uma história pitoresca que já mereceu, entre muitos outras nomeações e prémios, entre Cannes, Berlim e Oscars, o de "Filme Mais AprazÃvel" no Festival Internacional de Cinema da Noruega. É de facto um prazer saborear, pausada e deliciosamente, a vida de Poppy, uma professora de uma alegria contagiante, cuja existência Mike Leigh vai desvendando aos nossos olhos com a tranquilidade, a naturalidade e o detalhe com que se desembrulha um rebuçado melado para não colar o papel. De aspecto britanicamente despreocupado, a rasar o desmazelo para um europeu, Poppy habituou-se a que a sua alegria "crónica" não traga senão optimismo a todos por quem passa. Acontece porém que, ao seu instrutor de condução, um homem de um negativismo contido que vive refém de regras rÃgidas e com uma enorme dificuldade em se adaptar ao estilo descontraÃdo dela, Poppy inspira algo bem mais forte e profundo... Aqui se prova uma vez mais como, com base numa história simples, se pode conceber um filme único, em forma e conteúdo. Uma excelente base, em termos de argumento, aliado a um tratamento muito natural e eficaz e suficiente carga dramática, fazem de "Um Dia de Cada Vez" uma obra capaz de fazer rir e comover ao mesmo tempo, descontrair e pôr-nos seriamente a pensar, aliviar a alma e tocar o coração. Entre outras, levanta sem dúvida a questão de quanto nos é permitido ou possÃvel viver em total grau de descontracção e felicidade sem atingir, por ténue que seja a marca deixada e por involuntário o contributo, a felicidade ou a estabilidade dos que nos rodeiam. À cabeça destes magnÃficos dias de Poppy está Sally Hawkins, uma actriz simplesmente fabulosa que, além do Urso de Prata na capital alemã já arrecadou um justÃssimo Golden Globe! E a secundá-la, está o igualmente magnÃfico actor Eddie Marsan. Cinema Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...