Vaticano

Cinema: A Força do «Thriller»

Francisco Perestrello
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Esgotadas muitas das fontes dos argumentos cinematográficos no drama, na comédia e tantos outros géneros dominantes, o filme de gangsters, tão popular nos anos 40 do século findo, retoma o destaque através do «thriller», género alargado a outras formas de crime violento e ao seu combate, em geral com um elevado volume de acção e necessariamente com um ritmo narrativo acima da média. Nos anos recentes sucedem-se as obras deste género, na sua maioria americanas e com grande variedade em termos de qualidade. «Max Payne» é o modelo exemplar da forma como estes filmes se produzem para preencher as aberturas na programação. Sem qualquer preocupação de verosimilhança segue os passos de um jogo de vídeo, produzido por Sam Lake, reproduzindo todos, mesmo todos, os momentos de acção do original. Parece tentar ser admitido aos escalões de menor idade dos espectadores, evitando os pontos mais sensíveis às classificações americanas do MPAA, em que se incluem as sequências de nu e a violência em que o sangue esteja presente com demasiada evidência. O objectivo foi gorado, não escapando à classe R (Restricted), conseguindo finalmente o desejado PG13 (13 anos, acompanhados), depois de pesados cortes e apresentado a reapreciação. Não parecem entender os membros do MPAA que o problema na classificação de um filme não reside na sua análise sequência por sequência, não sendo fácil mudar de veredicto mais corte menos corte. O problema de «Max Payne» reside no seu contexto geral, que decorre de carnificina em carnificina que só deixaria duas saídas: ser considerado um filme destinado aos adultos ou, apenas, não ser passível de limites dada a natureza inconvincente de todo o seu entrecho. A estreia mundial é no dia 15 deste mês, nas Filipinas e no Egipto, seguindo-se a generalidade dos mercados, incluindo Portugal, apenas um ou dois dias mais tarde. Uma estreia simultânea que garante, também, uma certa reserva na divulgação das críticas internacionais antes do tempo oportuno. Francisco Perestrello


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