Cinema Antigo em Tempo Moderno Francisco Perestrello 10 de Maio de 2005, às 11:23 ... O cinema experimental destina-se em geral a uma reduzida quantidade de espectadores, o que de forma alguma reduz o seu interesse. É através dele que se ensaiam formas estéticas ou estilos narrativos que se afastam das linhas habituais. «A Canção mais Triste do Mundo» assume-se como uma obra desta natureza em qualquer das duas vertentes referidas. O original realizador é Guy Maddin, canadiano, que desenvolveu toda a sua obra, até à data, no seu próprio paÃs. A narrativa, segue a vida de uma industrial de cerveja a quem foram amputados os membros inferiores e que recebe, como oferta de amor, duas pernas em vidro cheias da bebida que produz. Mesmo com a aparente fragilidade permitem-lhe voltar a estar de pé. De permeio passa-se por um curioso concurso de canções, a vencer pela negativa e que permite uma forte componente musical. Mas o mais marcante é a técnica adoptada, capaz de afastar os menos prevenidos mas que permite um ambiente bastante bem construÃdo. É uma homenagem ao cinema do passado, com a maior parte do filme a preto e branco, com a inserção de raras sequências a cores e outras monocromáticas. A fotografia tem um grão grosseiro, equivalente ao dos primeiros tempos do cinema mudo, mas conta com um excelente sonoro, indispensável ao tema em torno de canções das mais variadas origens. Pouco a pouco o espectador ambienta-se e adere à sucessão de estranhos acontecimentos, com Isabella Rossellini a expressar com muito talento Lady Port-Huntley, a excêntrica milionária que deve a fortuna à venda de muitos e muitos litros de cerveja. Mas quem verdadeiramente preenche o filme em termos da papéis femininos é Maria de Medeiros, com o seu habitual ar angélico, como Narcissa, que contribui com a sua inconstância ou falhas de memória para uma enorme confusão em termos de amores cruzados. Um filme que os mais curiosos sobre cinema não podem perder. Francisco Perestrello Cinema Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...