Vaticano

Cinema: Ficção Científica

Francisco Perestrello
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Mesmo sem ter sido considerado um género menor, a ficção científica esteve, ao longo de parte da História do Cinema, longe de atingir o plano dado aos dramas e à alta comédia, ou mesmo aos filmes de arte e ensaio. O caso ímpar de "2001 - Odisseia no Espaço", de Stanley Kubrick, veio em 1968 alterar profundamente o panorama, iniciando um período em que outras obras foram produzidas a um nível superior ao tradicional - como "Encontros Imediatos do Terceiro Grau, de Steven Spielber (1977), ou em menor escala, "O Dia da Independência - ID4", de Roland Emmerich (1996) -. Em paralelo, obras mais antigas que foram consideradas menores passaram a ser vistas ou revistas com outros olhos. É esse o caso de "No Dia em que a Terra Parou" (1951) em que os extraterrestres de Robert Wise punham em causa o direito da humanidade a permanecer viva se não procedesse à revisão da sua atitude em termos de Guerra-Fria. Aproveitando o ponto alto que a ficção científica tem atravessado, a 20th Century Fox, que produzira o filme de 1951, lançou-se numa nova versão, actualizada mas mantendo uma preocupação ética capaz de justificar a invasão de seres de outros planetas e procurando a solução para que os seus planos não conduzam ao despovoamento da Terra. O tema, agora, é a inconsciência do Homem em termos de preservação da natureza, que se apresenta como causadora única e quase imediata da condução a um planeta inabitável. Com muitas referências bíblicas, da Arca de Noé à praga dos gafanhotos, Klaatu, vindo do espaço, desenvolve um plano de extermínio, ao mesmo tempo que negoceia a sua suspensão à medida que vê a possibilidade de uma alteração de atitude. Está implícito o acordo de Quioto, bem como a sua recusa pelos Estados Unidos, mas deixa-se aberta uma porta de esperança em relação ao futuro. Tudo isto nos é narrado em bom ritmo, mesmo que o nível geral fique aquém da ambição demonstrada excepto no que respeita aos efeitos especiais. Francisco Perestrello


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