A vida dos cristãos no Iraque está marcada por um pesado clima de medo e sucedem-se os pedidos de ajuda à comunidade internacional.
“A situação é muito grave. Os cristãos vivem no pesadelo de serem atacados, sequestrados e mortos sem aviso nas suas casas, por grupos de terroristas radicais islâmicos”, refere à agência Fides uma religiosa a viver no país, cuja identidade foi mantida no anonimarto por motivos de segurança.
“É uma verdadeira caça ao homem, a vida para as famílias cristãs transformou-se num pesadelo”, acrescenta.
Já esta semana, o Bispo Shlemon Warduni, auxiliar de Bagdad, lançara um apelo a todos os muçulmanos no Iraque, agora que se aproxima o início do Ramadão, pedindo “diálogo e paz entre os fiéis”. O prelado, da Igreja caldeia, considera que os cristãos no país “vivem numa situação terrível” e denuncia “fortes pressões e ameaças por parte dos grupos fundamentalistas islâmicos”, incluindo vários episódios de violência.
A agência do Vaticano para o mundo missionário, Fides, tem vindo a dar voz aos cristãos no Iraque para denunciar a situação dramática em que eles se encontram actualmente.
“Mossul, tempos atrás, era uma cidade muito tranquila, agora a vida para nós tornou-se impossível. Os responsáveis pelos ataques são grupos islâmicos radicais armados e a também de alguns imãs que os fomentam, dizendo nas mesquitas que matar um cristão não é crime nem uma culpa diante de Deus”, relata a religiosa.
Segundo o testemunho recolhido pela Fides, um sacerdote caldeu foi ameaçado e obrigado a fugir porque celebrou o funeral de um jovem cristão morto. A fuga dos fiéis do Iraque continua: muitos seguem para a Síria e a Jordânia, ou para o Norte do Iraque, na zona curda.
“O facto é que faltam polícias e autoridades civis para governar esta situação de anarquia. Muitos membros destas milícias radicais são conhecidos, mas ninguém faz nada”, denuncia a religiosa.
De acordo com a Fides, nas últimas semanas, em Mossul, grupos sunitas (Wahabiti) ameaçaram os sacerdotes, os frades Dominicanos e toda a população cristã, ordenando que deixassem a cidade e abandonassem todos os seus haveres. Os poucos cristãos que querem vender negócios e propriedades em Mossul não conseguem encontrar compradores.
A população cristã no Iraque tem manifestado preocupação com o crescente fundamentalismo islâmico. No Iraque os cristãos constituem 3% da população, na sua maioria fiéis da Igreja Católica Caldeia e da Igreja Ortodoxa Síria.
Estas comunidades são das mais antigas comunidades cristãs do Oriente, remontando ao século II. As suas raízes cristãs são testemunhadas por mosteiros e conventos nos séculos V e VI.