Vaticano

Combate à fome não se ganha com o recurso à biotecnologia

Além-Mar
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Preocupações dos missionários sobre os organismos geneticamente modificados

“O imperativo moral de alimentar os famintos e de resolver o problema da fome a nível mundial não encontra resposta na biotecnologia, mas sim na luta contra a pobreza e as suas causas”. A afirmação consta da carta que a Antena Fé e Justiça África-Europa (AEFJN) dirigiu ao presidente da Academia Pontifícia das Ciências, na sequência da uma conferência promovida pela Embaixada dos EUA no Vaticano e que teve o patrocínio da própria Academia. Intitulada “Dar de comer a um mundo com fome: o imperativo moral da biotecnologia”, tratava-se de uma defesa da tese norte-americana, que considera os organismos geneticamente modificados (OGM) uma panaceia global contra as carências alimentares. A Antena Fé e Justiça apela à Academia para que “não se comprometa, aparecendo associada a conhecidos promotores de tecnologias cujos benefícios para os pobres continuam a ser contestáveis”, e para que subscreva e defenda as posições das conferências episcopais e do Conselho Pontifício para a Justiça e Paz, que já se opuseram ao uso de OGM em África. O alinhamento com os detentores das patentes destes organismos significaria “abandonar a causa dos pequenos agricultores e consumidores africanos” e abdicar de “promover a investigação e a implantação de uma agricultura sustentável”. A AEFJN lembra que a maior parte dos OGM foi desenvolvida a pensar nas grandes explorações agrícolas dotadas da mais moderna tecnologia, e não nas pequenas e mal equipadas explorações familiares que, em África, absorvem cerca de 60 por cento da mão-de-obra. A introdução de OGM contraria as práticas tradicionais e comporta vários tipos de riscos. Para além do mais, os pequenos agricultores africanos, habituados a usar uma selecção de sementes de colheitas anteriores, teriam de acabar por pagar as sementes patenteadas e os produtos químicos que estas requerem, vendo-se obrigados a despender verbas que geralmente não possuem e tornando-se dependentes de um agro-negócio dominado por meia dúzia de multinacionais. Além-Mar, nº 533 As posições do Vaticano • Organismos geneticamente modificados: ameaça ou esperança? • Vaticano destaca as questões éticas geradas pelos transgénicos • Vaticano ainda tem dúvidas sobre os transgénicos


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