Tráfico de órgãos humanos continua a provocar polémica
Uma delegação parlamentar de deputados moçambicanos, chegou esta segunda-feira, 15 de Março, à província de Nampula, onde vai investigar as denúncias sobre o alegado tráfico de órgãos humanos no país.
A comissão deverá reunir-se, segundo a comunicação social local, com o procurador regional, com as missionárias que têm denunciado o alegado tráfico em Nampula, bem como com familiares das vítimas.
A deslocação da delegação que integra também elementos da Frelimo, e que vai estar duas semanas em Nampula, surge depois do líder da oposição, Afonso Dlhakama, ter proposto ao Parlamento para se criar uma comissão conjunta para investigar o alegado tráfico de órgãos.
Afonso Dlhakama classificou a situação resultante das denúncias de missionárias de "tragédia nacional", sugerindo a criação de uma comissão aberta à sociedade civil, jornalistas, com elementos do aparelho judicial e de confissões religiosas.
Esta resposta do Parlamento moçambicano chega numa altura em que a Igreja Católica pede mais pressão por parte da comunidade internacional sobre as autoridades do país lusófono.
Os religiosos e religiosas da família dos Servos de Maria, a trabalhar em Moçambique, estão, neste momento, a promover um abaixo-assinado com o objectivo levar a comunidade internacional a intervir na investigação sobres os casos de tráfico de órgãos humanos a decorrer nesse território.
“As crianças continuam a desaparecer a um ritmo cada vez mais acelerado: desapareceram, em média, dois meninos por semana” lê-se no comunicado da secção internacional “Justiça e Paz” dos Servos de Maria, enviado à Agência ECCLESIA.
De acordo com este documento, a população de Nampula continua “aterrorizada” e não denuncia os desaparecimentos dos próprios filhos. “Muitos defendem que os funcionários da polícia local estão envolvidos no tráfico”, avançam.
Neste momento, a referência da população são as irmãs Servas de Maria, que anotam todas as denúncias e as apresentam à Procuradoria e ao Bispo local, “após averiguar a sua veracidade”.
A família religiosa dos Servos de Maria exige, com a ajuda de quem se quiser associar ao abaixo-assinado, “uma pressão internacional sobre o governo de Moçambique”, que proteja os que denunciam e “destrua o muro do medo”.