Vaticano

Compêndio do Catecismo: uma longa caminhada

Octávio Carmo
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O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica está a ser apresentado, neste momento, no Vaticano. A publicação representa mais um passo na história dos Catecismos ao longo dos séculos. Consciente da solenidade do momento, será o próprio Bento XVI a presidir à cerimónia litúrgica que marca o lançamento deste Catecismo em ponto pequeno. O Compêndio consta de 150 páginas, está dividido em quatro partes e retoma a herança do célebre Catecismo de Pio X, num esquema de perguntas e respostas sintéticas – por se considerar que esta é uma maneira de leitura mais fácil e atraente. Há muito aguardada, a obra foi preparada, a pedido de João Paulo II, por uma comissão especial que era presidida pelo então Cardeal Joseph Ratzinger. O Compêndio, que sintetizará significativamente o Catecismo da Igreja Católica, foi solicitado pelos Bispos do mundo, por ocasião do 10º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica. A iniciativa nasceu da intenção de João Paulo II em criar uma obra concisa, que apresente os conteúdos fundamentais da Fé, uma espécie de livro de bolso em que as pessoas encontrem, rapidamente, o mais importante do panorama da Fé católica. O Papa polaco explicava, numa carta de Fevereiro de 2003, que apesar do surgimento desta nova obra, o actual Catecismo da Igreja Católica “mantém intacta a sua importância, podendo ganhar com esta nova síntese um estímulo importante para ser mais aprofundado”. O Catecismo da Igreja Católica foi entregue aos fiéis de todo o mundo no dia 7 de Dezembro de 1992, pelo Papa João Paulo II, que o apresentava como “texto de referência seguro e autêntico”. Nos primeiros dez anos, foram vendidas oito milhões de cópias em todo o mundo, com traduções em mais de 60 línguas. Por ocasião do 10º aniversário do Catecismo da Igreja Católica, como se disse, teve lugar em Roma, de 8 a 11 de Outubro de 2002, um Congresso Catequético Internacional onde muitos intervenientes apresentaram a proposta de elaborar uma síntese, um “Compêndio” do Catecismo. Esta proposta foi apresentada ao Papa Wojtyla o qual, na citada carta de 2 de Fevereiro de 2003, a aprovou, definindo imediatamente a constituição de uma comissão especial e de um comité de redacção, num trabalho da Congregação para a Doutrina da Fé e da Secretaria de Estado da Santa Sé. Sabe-se que o termo “Compêndio”, enquanto exposição sintética com finalidade didáctica ou de divulgação, não é estranho à concepção do próprio Catecismo. A própria obra de 1992 era considerada “um Catecismo ou Compêndio de toda a doutrina católica que diz respeito à fé e à moral”. Ao longo da história da Igreja houve sempre uma grande preocupação pela catequização dos fiéis, utilizando a Bíblia, a pregação e a preparação para os sacramentos. Apenas em 1566, contudo, foi publicado o primeiro catecismo oficial da Igreja, o “Catecismo Romano” de Pio V. O mais famoso, no nosso tempo, é o “Catecismo de Pio X”, de princípios do século XX, que durante anos a fio marcou o primeiro anúncio da fé. Orações e fórmulas tinham de ser aprendidas de memória e as primeiras noções da fé cristã eram apresentas segundo o método de perguntas e respostas. O Catecismo de 1992 nasceu da reflexão do Sínodo de Bispos de Roma, no ano de 1985. A obra era apresentada como uma “exposição orgânica e sintética dos conteúdos essenciais e fundamentais da doutrina católica, tanto sobre a fé como sobre a moral, à luz do II Concílio do Vaticano e do conjunto da Tradição da Igreja”.


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