Vaticano

Comunidade cristã no Iraque em estado de choque

Octávio Carmo
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Ataques dos fundamentalistas islâmicos não poupam nem as crianças

A comunidade cristã de Bagdade está em estado de choque com a notícia do assassinato de 9 jovens católicos. Durante o mês de Setembro 20 cristãos foram mortos numa série de ataques terroristas contra as comunidades cristãs no Iraque. Segundo informações recolhidas pela Fundação “Ajuda à Igreja que Sofre”, os jovens foram assassinados quando regressavam do trabalho, num clube de diversões, situado no centro da capital iraquiana. O facto de estes jovens trabalharem num local frequentado por estrangeiros e onde são vendidas bebidas alcoólicas poderá ter estado na origem deste atentado. Este caso, ocorrido há duas semanas, é o mais recente de uma série de ataques contra as comunidades cristãs no Iraque, que causaram 20 vítimas mortais durante o mês de Setembro. Desde o final da guerra, em Abril do ano passado, terão já morrido cerca de 80 cristãos no Iraque. O Arcebispo de Kirkuk, D. Louis Sako, declarou à AIS que a situação está a piorar. "As pessoas têm medo e estão preocupadas - têm ocorrido muitas explosões e muitos raptos em que os sequestradores pedem elevados resgates”, referiu. A AIS respondeu em Setembro ao apelo do Bispo Caldeu de Aleppo, na Síria, D. Antoine Audo, concedendo um auxílio de emergência de 15 mil euros para dar assistência a cerca de 30 mil cristãos iraquianos que se refugiaram na Síria fugindo da violência que assola o seu país. Em relação à situação dos cristãos iraquianos na Síria, D. Louis Sako revelou que "estive na Síria quando regressei do Líbano. Conheci muitas famílias em Damasco e Aleppo. Saíram do Iraque para garantir a sua segurança”. O Arcebispo de Kirkuk concluiu com um apelo: “na Europa as pessoas têm de saber como a situação é difícil e pressionar árabes e muçulmanos para que denunciem o terrorismo em nome de Deus. A violência apenas conduz à morte”. Estão a matar-nos! A agência do Vaticano para o mundo missionário publica hoje um dramático depoimento sobre esta situação. “Ajudem-nos, estão a matar-nos! Somos perseguidos!” é o grito dos cristãos no Iraque, que esta manhã falaram ao telefone com a Fides. Do outro lado do fio, no Iraque, falava uma família cristã Caldeia, que vive no bairro de Al-Baker, em Nínive, Norte do Iraque, nas proximidades de Mossul. Na noite entre 4 e 5 de Outubro, às 3h00 da manhã, a família de Mazen Sako foi atacada por um bando de muçulmanos fanáticos, vestidos de preto, que invadiram a casa dizendo: “viemos para exterminá-los. Este será o fim para vocês, cristãos”. Diante da resistência de Mazen Sako, seguiu-se uma luta corpo a corpo, mas os militantes mataram o filho de Mazen, o pequeno Majed, de 10 anos. Os pais estão profundamente abalados e a tragédia atingiu toda a comunidade católica Caldeia. “É um exemplo das dezenas de atentados contra cristãos que se verificam no Iraque. Mas aqui, ninguém pode denunciar isto tudo, por causa do medo”, dizem à Fides, por telefone. “Também as mulheres cristãs de Nínive estão a ser ameaçadas por grupos fundamentalistas islâmicos e são obrigadas a usar o véu”, assinala.


Guerra do Iraque