A Comunidade de Santo Egídio vai brevemente alargar em Moçambique o tratamento com anti-retrovirais, no âmbito do seu programa DREAM, anunciou em Maputo o responsável da organização, Matteo Zuppi.
Falando aos jornalistas momentos após um «encontro de cortesia» com o presidente moçambicano, Armando Guebuza, aquele responsável disse que a instituição pretende expandir para outros pontos do país a assistência com medicamentos anti-retrovirais, que reduzem os efeitos do HIV, vírus que causa a SIDA.
Através do programa “Reforço de Recursos e Medicamentos contra a Malnutrição e Sida” (DREAM, na sigla inglesa), a Comunidade de Santo Egídio presta assistência a um total de 9.200 seropositivos moçambicanos, metade dos quais recebem tratamento com anti-retrovirais e beneficiam de suplementos alimentares por serem pobres.
O programa DREAM, que opera em 12 centros urbanos criados para o efeito no país, gasta anualmente, por pessoa, perto de 600 Euros pela terapia com fármacos genéricos e testes de rotina em laboratórios. Na sequência disso, mais de mil crianças de mães seropositivas moçambicanas nasceram livres do HIV, desde em 2001, quando arrancou em Moçambique o programa da Comunidade de Santo Egídio.
«Continuaremos a trabalhar em colaboração com o Governo para que o projecto cresça», assegurou Matteo Zuppi, que classificou Moçambique como «um exemplo sério» na abordagem do combate à SIDA.
Zuppi, que está a visitar projectos da Comunidade de Santo Egídio no país, destacou a formação de profissionais de saúde como a principal prioridade da comunidade na cooperação com o governo moçambicano, iniciativa que, disse, «irá possibilitar a redução do índice do contágio em Moçambique».
Dados oficiais indicam que 14 por cento da população adulta em Moçambique é portadora do vírus da SIDA, uma cifra que poderá aumentar nos próximos anos se os programas de prevenção não surtirem os efeitos desejados.
A Comunidade Santo Egídio foi um dos mediadores das conversações entre a FRELIMO, no poder, e a RENAMO, antigo movimento rebelde do país, para se alcançar a paz em Moçambique, que pôs fim a uma guerra civil de 16 anos, em Outubro de 1992.